Folha de S. Paulo


Novo diretor financeiro da Petrobras capta recursos de um dia para outro

Claudio Belli - 23.out.2013/Valor
Ivan Monteiro,
Ivan Monteiro, indicado para a diretoria financeira da Petrobras

Funcionário de carreira do Banco do Brasil, o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores Ivan de Souza Monteiro, 53, é conhecido por viabilizar captações de recursos no exterior no intervalo de poucas horas.

Ele será o novo diretor financeiro da Petrobras, conforme antecipou a Folha. O cargo é chave para enfrentar a atual crise pela qual a petroleira passa. Aldemir Bendine, presidente do BB, assumirá como CEO da estatal. Ele terá liberdade para formar equipe.

Foi Monteiro quem coordenou as últimas emissões de títulos do Banco do Brasil, incluindo uma de dívida perpétua (que não vence nunca), mesmo durante anos difíceis da crise, como 2009. Em 2010, esteve à frente da capitalização do banco, que levantou R$ 9,6 bilhões com a emissão de novas ações.

Essa experiência deverá ser importante para organizar o caixa da Petrobras, que pode ter vencimento antecipado de dívida devido ao atraso na publicação do balanço do terceiro trimestre.

Ivan Monteiro também é o executivo destacado pelo BB para falar com investidores internacionais e locais. É ele quem faz a apresentação dos resultados trimestrais para o mercado e a imprensa.

O executivo, que é engenheiro eletricista de formação, fez MBA em administração no Ibemc e em gestão na PUC do Rio. Entrou no Banco do Brasil em 1983. Foi diretor comercial e assumiu o posto de vice-presidente financeiro em 2009 após a saída de Aldo Mendes, que foi para a seguradora Aliança e depois para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

NOVA DIRETORIA

O Conselho de Administração da Petrobras está reunida na manhã desta sexta-feira (6) para escolher os novos nomes da diretoria.

Dentre todos os problemas da Petrobras, o mais urgente nó a ser desfeito pela nova diretoria da Petrobras é publicação do balanço auditado com o lançamento das perdas decorrentes da corrupção.

É crucial para a Petrobras ter o balanço auditado por dois motivos: sem o aval da auditora independente PwC (PricewaterhouseCoopers), a estatal fica em risco iminente de perder o grau de investimento para a sua nota de crédito e pode ter parte de sua dívida cobrada imediatamente, antes do vencimento.

No dia 3 deste mês, a agência de risco Moody's deu 30 dias para a estatal publicar os dados, sob o risco de perder a nota de investimento.

A Fitch também rebaixou a classificação de risco da Petrobras para o último passo antes de risco especulativo -muitos fundos não aplicam seus recursos em ações e títulos de empresas com essa avaliação.

RENÚNCIA

A renúncia coletiva ocorreu após os diretores não aceitarem o cronograma definido por Dilma Rousseff para a mudança na direção da empresa. Dilma queria que eles ficassem até o fim do mês.

Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta.

Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.


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