Folha de S. Paulo


Em disputa na Câmara, Cunha e Chinaglia se dizem independentes

Candidatos para presidir a Câmara a partir de fevereiro de 2015, os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) transformaram a "independência" da Casa em principal bandeira para tentar conquistar votos dos colegas.

Os dois reeditam discursos de disputas anteriores em defesa de maior autonomia do Congresso frente ao Executivo.

A busca pelo rótulo de "independência" gerou a primeira provocação do peemedebista –apontado como favorito na corrida e que enfrenta resistência do Planalto– ao petista, que formalizou nesta quarta (17) seu nome na briga pelo cargo.

Alan Marques/Folhapress
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) disputam presidência da Câmara para 2015
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) disputam presidência da Câmara para 2015

Cunha disse que tem melhores credenciais do que o adversário para representar a autonomia da Casa porque não é do PT.

"Estou pregando a mesma coisa há 60 dias e não sou de partido submisso ao governo. Não tiro a qualidade da candidatura do Chinaglia, mas acho que temos muito mais condições (...) de ter o discurso de autonomia e independência da Casa do que um parlamentar que seja do PT", disparou Cunha.

"Isso a Casa entende desse jeito. Por mais que ele tenha boa intenção, boa vontade, bom discurso, no dia a dia, a Casa sabe que o parlamentar do PT de certa forma está defendendo o interesse única e exclusivamente daquilo que está submisso ao governo, apesar de sermos aliados e estarmos leal a governabilidade", completou o peemedebista.

Cunha recebeu o apoio nesta quarta-feira (17) das bancadas do DEM, PTB e PRB. Ele já fechou aliança com Solidariedade e PSC. Ao todo, essas bancadas terão 140 parlamentares em 2015. Ele ainda tenta atrair PP e PR.

Os novos apoios foram costurados em reação à oficialização do nome de Chinaglia. A bancada do PT decidiu colocar o nome depois que Cunha demonstrou resistência em conversar com o partido para costurar um entendimento.

Num almoço, o petista costurou aliança com PROS e PC do B. O PDT participou do encontro, mas faltou ao evento de Chinaglia. Os pedetistas ainda vão decidir se embarcam na campanha ou se lançam nome próprio. Até agora, o petista tem apoio de 90 deputados.

Numa tentativa de marcar posição em relação ao peemedebista, Chinaglia, que se considera um "azarão" na corrida, disparou falas sustentando que é dever do comando da Câmara ter independência.

"Nenhum presidente tem condições de escapar da Constituição, do regimento interno e do plenário. Acho que esse é o pressuposto constitucional. O presidente da Câmara para ser bom tem que sofrer resistências dos outros Poderes", disse.

CPI

Em relação a instalação da CPI da Petrobras, os dois candidatos mantêm discursos semelhantes. Cunha, no entanto, tem uma posição mais contundente.

O peemedebista tem dito que a investigação terá que ocorrer depois de virem à tona as delações premiadas envolvendo parlamentares com o esquema de corrupção.

Chinaglia afirmou que qualquer requerimento para instaurar CPIs que cumpra os requisitos legais será atendido em sua eventual gestão.

"Está longe ainda. CPI tem que cumprir as regras e o ordenamento. Conseguiu o nome de assinaturas, as assinaturas conferem e não tem outra CPI na frente, elas serão instaladas. Não tem discussão", disse.


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