Candidato da situação ao governo do Maranhão, Edison Lobão Filho (PMDB) utilizou nesta quinta-feira (2) uma gravação feita pela governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) para atacar Flávio Dino (PC do B), seu principal rival na campanha.
A gravação mostraria um diálogo de Roseana com o presidente do TCE-MA (Tribunal de Contas do Estado do Maranhão), Edmar Cutrim, em que o conselheiro teria dito que pressionaria prefeitos a apoiar Dino.
Segundo pesquisa Ibope do último dia 20, Dino tem 48% das intenções de voto no Estado, ante 27% do senador Lobão Filho.
O peemedebista convocou a imprensa para divulgar a gravação, que, segundo ele, foi feita na quarta-feira (1).
Roseana, afirmou o candidato, ligou de seu celular para Cutrim, que não teria percebido que atendeu a ligação. Roseana teria ouvido o próprio nome e então decidido gravar, sem se manifestar, a conversa que ouvia entre Cutrim e outras pessoas.
Na conversa, conforme Lobão Filho, Cutrim diz que usaria a influência do cargo para pressionar prefeitos maranhenses a apoiar Dino.
O TCE, chefiado por Cutrim, é o órgão responsável por fiscalizar e aprovar as contas dos prefeitos e das Câmaras Municipais.
Os advogados da coligação de Lobão Filho deverão entrar nesta sexta-feira (3) em Brasília com uma representação criminal contra Cutrim. Afirmam que a fundamentação parte de "indícios de tráfico de influência no exercício do cargo".
A coligação ainda irá impugnar (questionar) a candidatura de Dino na Justiça, segundo a assessoria, por entender que "ele foi beneficiário deste tráfico de influência".
GOVERNO
Em nota, Roseana reproduziu a explicação de Lobão Filho sobre a forma acidental pela qual ouviu as afirmações de Cutrim.
"Ouvi meu nome e aguardei que ele me atendesse. Eu disse 'alô' por duas vezes, sem resposta", afirma a governadora.
Roseana se disse surpresa com o conteúdo da conversa. "Cutrim, na verdade, estava tratando de política de forma não convencional", afirmou.
Depois de tentar falar pessoalmente com o presidente do tribunal, inclusive em sua casa, Roseana afirma que entregou a gravação ao seu partido "para que o conteúdo fosse analisado".
Segundo nota do governo, o final da gravação está inaudível e, por isso, será enviado para análise do perito Ricardo Molina.
Em nota, o presidente do TCE maranhense afirmou que tomará as "medidas cabíveis" contra o uso de seu nome". Ele disse que "repudia veementemente o fato do seu nome e cargo que ocupa estarem sendo utilizados para fins eleitoreiros".
Cutrim disse ainda que nunca se utilizou da condição de presidente do tribunal "para influenciar processos políticos e eleitorais".
A reportagem tentou contato nesta quinta (2) com Dino, mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.