Folha de S. Paulo


PR poderá ter de volta o controle total do ministério dos Transportes

A exoneração do diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestutura de Transportes) abriu caminho para o cumprimento de um acordo que dará ao PR o comando de todo o ministério dos Transportes se a presidente Dilma Rousseff vencer a eleição.

Pela combinação entre PT e PR, que garantiu o apoio do PR à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o partido indicará o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP) como ministro do Transportes na próxima gestão, caso Dilma se reeleja.

O acerto, confirmado à Folha por membros do governo e parlamentares, também prevê que o partido poderá nomear o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), todos os superintendentes regionais desse órgão e o presidente da Valec, a estatal de ferrovias.

A configuração negociada entre o PT, partido da presidente, e o PR deixará o ministério com a mesma configuração que ele tinha até 2011, quando o partido aliado tinha o domínio de todos os cargos importantes dentro da máquina estatal do setor. Hoje, Rodrigues é suplente da ministra Marta Suplicy (Cultura) no Senado.

Em 2011, após suspeitas de irregularidades, o ex-ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (PR-AM) pediu demissão do cargo. Depois, nomes ligados ao PR foram sendo exonerados da pasta, onde a presidente alocou pessoas de sua confiança.

Dois anos depois, um nome ligado à direção do PR voltou ao comando do ministério com a nomeação do ex-senador e ex-governador da Bahia, César Borges, para o cargo de ministro.

Borges conseguiu nomear o presidente da Valec, mas o diretor-geral do Dnit, o general Jorge Fraxe, foi mantido no cargo. Ele ontem pediu exoneração e será substituído provisoriamente pelo diretor-executivo do órgão, Tarcisio Freitas.

Borges era um dos ministros mais elogiados pela presidente pela condução dos trabalhos na pasta. Para não perder mais tempo de TV no horário eleitoral depois da traição do PTB (que foi para a oposição após negociar com o governo), Dilma cedeu ao PR, sigla habituada a traições à presidente no Congresso.

Com o acordo, Dilma ganhou pouco mais de um minuto de televisão em seu horário eleitoral e Borges foi reacomodado na Secretaria de Portos.

BRIGA

A relação do PR com o ministro Borges se deteriorou ao longo do tempo e a ala do partido ligada ao ex-deputado Valdemar Costa Neto, que cumpre pena de prisão condenado no processo do mensalão, pediu que a presidente o demitisse em troca do apoio.

A presidente aceitou tirar Borges do cargo mas não queria colocar um nome novo do PR para não atrapalhar os projetos em andamento do setor. Por isso, o PR aceitou que a presidente colocasse qualquer nome. Dilma escolheu o do ex-ministro Paulo Sérgio Passos, que havia sido ministro entre 2011 e 2013 contra a vontade do PR na época.

No caso do Dnit, o PR chegou a pressionar pela saída do general Jorge Fraxe ameaçando apresentar denúncias contra o diretor-geral. O general pediu uma licença médica de cerca de dois meses. Após a licença médica, ele retornou ao cargo mas nesta semana pediu exoneração.

Fraxe disse à Folha que já havia combinado sua saída com a presidente após cumprir o que chamou de "missão" no órgão que, segundo ele, fará este ano o maior valor em pagamentos de sua história.


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