Folha de S. Paulo


Marina rebate Dilma sobre pré-sal e critica 'indústria do boato'

No dia em que a presidente Dilma Rousseff usou o programa eleitoral para afirmar que Marina Silva é "uma das vozes que ameaçam" a exploração do petróleo do pré-sal, a candidata do PSB dedicou discursos e entrevistas neste sábado (6) a rebater as afirmações da rival.

Em campanha em Brumado e Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, Marina repetiu que vem sendo alvo de "mentiras" e "boatos".

"Quem estão ameaçando o pré-sal não somos nós. Vamos manter a exploração do pré-sal", disse Marina em comício em Brumado no final da manhã.

No programa eleitoral veiculado à tarde, Dilma cita Marina como "uma das vozes que ameaçam essa grande riqueza nacional". "A candidata Marina Silva é uma delas, pois tem defendido o fim da prioridade ao pré-sal", afirma a presidente na propaganda, citando "conseqüências terríveis" para o desenvolvimento do Brasil.

O tema pré-sal passou a ser explorado pela campanha petista após a divulgação do programa de governo de Marina, que enfatiza a exploração de outras fontes de energia, como eólica e solar, com apenas uma menção à exploração do petróleo dessa camada.

Marina cobrou a divulgação dos programas de Dilma e de Aécio Neves (PSDB), que ainda não o fizeram, e também procurou se dissociar do rótulo de "pessimista", citado pela campanha da presidente desde o início da corrida eleitoral em relação a críticos em geral.

"Eu não sou uma pessoa pessimista. Não sou também uma pessoa otimista ingênua. O que eu sou é persistente", afirmou a candidata em comício em Vitória da Conquista.

No discurso de cerca de 20 minutos na cidade baiana, Marina começou agradecendo "a Deus", depois "a todas as pessoas". Disse que há uma "onda verde e amarela" no país e que busca "mudança com responsabilidade".

A ex-ministra de Lula, que deixou o governo em 2008, citou sua trajetória de "30 anos de luta na política" e o passado de "filha de seringueiro" no Acre. Relembrou sua primeira eleição ao Senado em 1994 e voltou a mencionar a frase do escritor francês Victor Hugo (1802-1885) sobre a "ideia cuja oportunidade chegou".

A candidata citou os rivais ao afirmar que "adversários estão nos agredindo porque têm medo". "O povo acordou", disse. "Eles pensam que o que faz ganhar eleição é a indústria do boato, das calúnias, a estrutura do dinheiro, do tempo de TV."

Marina trocou a expressão "nova política", comum na campanha com Eduardo Campos, por "nova postura". "O que vai ganhar a eleição é uma nova postura, de cada cidadão", disse. Afirmou que "ninguém governa sozinho", numa tentativa de negar eventuais problemas de governabilidade numa gestão pessebista.

Ela terminou o discurso conclamando o público a rebater "mentiras que estão sendo espalhadas" na internet contra sua candidatura. Pediu ajuda nas redes sociais e citou a frase de Eduardo Campos sobre "não desistir do Brasil", afirmando que manterá iniciativas como o Bolsa Família e a construção de ferrovias.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: