Folha de S. Paulo


Senado instala comissão para apurar repasse de 'gabarito' na CPI

O Senado instalou nesta quarta-feira (5) a comissão de sindicância que vai apurar a participação de servidores da Casa no repasse antecipado do "gabarito" de respostas da CPI da Petrobras a membros da estatal. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), designou três servidores técnicos para investigarem o caso.

A comissão terá o prazo de 30 dias para realizar as investigações, mas pode prorrogá-lo por igual período. Os servidores Tiago Ivo Odon, Marcelo Inácio Menezes e José Mendonça Filho, que integram a sindicância, são vinculados respectivamente à área jurídica, secretaria-geral da Mesa do Senado e primeira-secretaria da Casa.

Em ofício encaminhado ao comando da instituição, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), pediu que a sindicância apure a ocorrência de "irregularidade administrativa" na CPI da Petrobras.

A sindicância só tem poderes para investigar os servidores. A oposição chegou a anunciar que pediria ao Conselho de Ética para apurar o envolvimento de senadores no repasse das perguntas a membros da Petrobras, mas mudou de estratégia e desistiu da ação.

DEM e PSDB pretendiam pedir que o conselho investigasse o relator da CPI, senador José Pimentel (PT-CE), e Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da Petrobras.

A oposição quer manter o foco das denúncias no governo depois que a Folha revelou que assessores do Palácio do Planalto coordenaram a atuação da Petrobras e da liderança do PT no Senado durante as investigações da CPI. DEM e PSDB querem tentar desgastar a imagem da presidente Dilma Rousseff no episódio, adversária do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pelo Palácio do Planalto.

Presidente do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) disse que o caso exige apuração do governo diante do envolvimento de servidores do Palácio do Planalto. "Quem está em julgamento, a sindicância que tem que ser feita, na verdade, é quem usou senadores e o Senado para limpar a barra da presidente da República e da Petrobras", afirmou.

Líder do PT, o senador Humberto Costa (PE) subiu à tribuna nesta quarta para afirmar que não há "crime nenhum" no fato de assessores do Palácio do Planalto terem atuado no caso. Costa disse que as denúncias têm o objetivo de desgastar a presidente Dilma Rousseff a dois meses das eleições.

"Nada do que aconteceu aqui na CPI do Senado pode ser objeto de questionamento do ponto de vista da sua legalidade e da sua ética. Não há crime nenhum aqui feito. Tenta-se passar a ideia com o objetivo de atingir a presidenta Dilma e, com isso, tentar fragilizá-la na disputa das eleições de outubro", afirmou.


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