Folha de S. Paulo


No Paraná, dissidentes do PMDB promovem 'campanha anti-Requião'

Contrários à candidatura do senador peemedebista Roberto Requião ao governo do Paraná, militantes do próprio PMDB começaram a promover uma "campanha anti-Requião" –um símbolo da divisão do partido no Estado.

Os dissidentes estão distribuindo "cédulas de dólar" impressas com o rosto do irmão do candidato, Eduardo Requião, que era superintendente do Porto de Paranaguá e é acusado de desvios durante o último governo do peemedebista (2003-2010).

Um outro panfleto reproduz uma notícia de jornal que fala da suspeita de pagamento de propina a Eduardo numa licitação do porto. As acusações ainda estão sob análise da Justiça.

Os atos de panfletagem, acompanhados por uma banda carnavalesca, são sintomas do racha no PMDB, que quase apoiou o atual governador Beto Richa (PSDB) na convenção deste ano.

A vitória de Requião, por uma diferença de 10% dos votos, foi inesperada. A cúpula do partido era favorável à aliança com Richa.

Mesmo com o resultado, parte dos militantes se nega a apoiar o ex-governador, que dizem ser centralizador e acumula desafetos na política por seu estilo contundente.

"A candidatura do Requião é uma derrota anunciada. Vai isolar e apequenar o partido", diz Doático Santos, ex-aliado de Requião e hoje coordenador do comitê Paraná Total, que reúne os dissidentes.

BRIGA NA JUSTIÇA

A campanha do senador tenta proibir na Justiça a circulação dos panfletos. Já conseguiu a apreensão de um deles, que pedia votos a Richa, por caracterizar propaganda eleitoral sem identificação. Os outros materiais foram considerados apenas "reprodução de notícia".

Requião também quer processar os responsáveis por calúnia, injúria e difamação.

"É absolutamente criminoso. É uma matéria falsificada, o texto é adulterado, não existe condenação", afirma o coordenador jurídico da campanha de Requião, Luiz Fernando Delazari. A reportagem exibida no panfleto foi cortada, mas não adulterada.

Para ele, os integrantes do comitê dissidente são "alienígenas" e "não têm expressão alguma" no partido. "É uma atitude eleitoreira, oportunista", diz Delazari.

As ações do comitê, que diz ter 150 membros e ser financiado por conta própria, têm o apoio informal de deputados e até de membros da diretoria do PMDB, segundo apurou a Folha.

Após a derrota na convenção, a executiva estadual baixou uma resolução que permite que filiados participem de eventos de outros candidatos, mas sem pedir votos.

A campanha de Requião quer enquadrar tais ações como atos de infidelidade partidária. Já conseguiu na Justiça que o partido alerte os filiados a respeito. Mas, até aqui, não foram identificadas situações irregulares.


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