Folha de S. Paulo


Grupos fazem ato contra a prisão de manifestantes em SP

Grupos anti-Copa, movimentos sociais e intelectuais farão um ato público nesta terça-feira (1º) para debater a ação da Polícia Militar e Civil de São Paulo nas manifestações.

Os organizadores afirmam que o ato, marcado para as 18h na praça Roosevelt, no centro da capital paulista, também será demonstração de repúdio às prisões do professor Rafael Marques Lusvarghi, 29, e do estudante Fábio Hideki Harano, 26.

Os dois foram foram presos no dia 23 após um protesto anti-Copa na avenida Paulista. A polícia afirma que eles são "black blocs" –ativistas que pregam a depredação do patrimônio– e os acusa de cinco crimes : associação criminosa, incitação à violência, resistência à prisão, desacato à autoridade e porte de artefato explosivo.

A defesa deles nega que sejam "black blocs", que tenham cometido crimes, e afirma que os dois participavam do protestos pacificamente antes de serem presos.

Avener Prado-23.jun.14/Folhapress
Rafael Marques Lusvargh e Fábio Hideki Harano foram presos após protesto anti-Copa na av. Paulista
Rafael Marques Lusvargh e Fábio Hideki Harano foram presos após protesto anti-Copa na av. Paulista

O encontro foi convocado pelo grupo Se Não Tiver Direitos Não Vai Ter Copa, que exige a liberdade dos manifestantes e diz que eles foram presos "com base em flagrantes forjados e acusações falsas".

O ato tem apoio de grupos como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Território Livre e MPL (Movimento Passe Livre), além de professores, intelectuais e ativistas de direitos humanos.

RUMOS

Segundo Rafael Padial, 26, militante do Território Livre, o debate também servirá para definir os rumos das manifestações contra a Copa no momento em que a competição se aproxima do fim.

"Possivelmente dali a gente vai também traçar algumas linhas para a continuidade da luta. É possível também que se apresente algumas propostas de continuidade, coisas do tipo", disse.

No mesmo horário do ato estará acontecendo a exibição da partida entre Bélgica e Estados Unidos na Fan Fest, no Anhangabaú, a cerca de 1 km da praça. Os organizadores, porém, dizem que a intenção não é sair em passeata.

Por meio de nota, a Policia Militar informou que "estará atenta aos atos e eventos que ocorrerão, e o emprego do efetivo necessário dependerá de cada situação".

Na quarta-feira (2), o MPL fará um debate publico em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, no centro, às 15h. O motivo, segundo o movimento, também é tratar da ação policial nas manifestações.

Diversos movimentos sociais também foram convidados, assim como o secretário Fernando Grella (Segurança Pública). Um convite formal foi protocolado na secretaria na semana passada.

PRISÕES

Na quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça de São Paulo converteu a prisão em flagrante dos dois manifestantes em prisão preventiva.

Com a decisão, foram rejeitados os pedidos de liberdade provisória feitos pelas defesas e eles continuarão presos por tempo indeterminado.

Segundo a Defensoria Pública, Lusvarghi permanece preso na carceragem do 8º DP (Belém), na zona leste, aguardando o julgamento de um pedido de habeas corpus.

Ele está no local por motivo de segurança, já que pertenceu à Polícia Militar por cerca de dois anos –ex-policiais geralmente ficam separados de outros presos.

Harano está no presídio de Tremembé (a 147 km da capital), para onde foi transferido a pedido da Secretaria da Segurança Pública no dia 25. A pasta não apontou o motivo do pedido.

O advogado Luis Rodrigues da Silva, que defende o estudante, diz que vai entrar com pedido de habeas corpus na Justiça nesta terça (1º).

Ele vai argumentar que as provas apresentadas pela polícia foram forjadas e anexar depoimentos de professores e colegas que afirmam que Harano é pacífico.


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