Folha de S. Paulo


Sem acordo, greve de metroviários continua hoje em São Paulo

No segundo dia da greve dos metroviários, três das quatro linhas públicas do metrô estão paralisadas nesta sexta-feira (6) em São Paulo. Apenas as linhas 4-amarela –que é privatizada– e 5-lilás operam normalmente.

De acordo com o Metrô, a operação não foi iniciada nas linhas "devido ao impedimento da entrada de funcionários nos postos de trabalho por grevistas".

Ao menos na estação Bresser-Mooca (linha 3-vermelha), a Folha constatou que nas primeiras horas do dia não havia tumulto nem piquetes.

Para esta sexta-feira, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) informa que os trens circularão com menor intervalo, em todas as linhas, além dos horários considerados de pico, durante a manhã e a tarde.

A estação Corinthians-Itaquera, na linha 11-coral, que faz integração com a linha 3-vermelha do Metrô, ficará fechada. Para esta estação foi solicitada alteração do itinerário dos ônibus para redistribuir os coletivos nas demais estações.

A SPTrans informa que o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) foi acionado novamente para reforçar as linhas que atendem as regiões que estão desabastecidas pelos trens do metrô.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu mais uma vez o rodízio municipal de veículos, com exceção para caminhões e veículos de frete. Com isso, as placas com finais 9 e 0 poderão circular pelo centro expandido nos horários de pico sem restrição.

BRAÇOS CRUZADOS

Os metroviários de São Paulo decidiram, em assembleia realizada na noite de ontem (5), manter a paralisação da categoria. Houve uma nova audiência com o Metrô durante a tarde, mas não teve acordo.

Na reunião desta quinta, os metroviários sugeriram reajuste de 12,2% –antes reivindicavam 16,5%–, mas os representantes do Metrô afirmaram que não existe possibilidade financeira de conceder reajuste maior que 8,7%. O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, destacou que o aumento nos benefícios resultarão em aumentos de 10,6% a 13,3%.

Também na audiência, os metroviários votaram se trabalhariam nesta sexta-feira com a liberação das catracas, o que foi aceito pela categoria. Nessa hipótese, os trabalhadores aceitavam ter os salários descontados pelo dia. A medida, porém, só seria tomada caso o Metrô aceitasse a possibilidade. A empresa, porém, rejeita a ideia.

DIA DE CAOS

Ao todo, 24 das 61 estações administradas pelo governo estadual ficaram fechadas na quinta-feira. O funcionamento das outras estações, que ocorreu de forma gradativa durante o dia, só foi possível por conta do deslocamento de outros funcionários do Metrô, como supervisores.

Segundo a companhia, operaram o trecho entre as estações Luz e Saúde, na linha 1-azul; entre as estações Ana Rosa e Vila Madalena, na linha 2-verde; e entre as estações Tatuapé e Marechal Deodoro, na linha 3-vermelha.

O Metrô afirmou que os grevistas fizeram passageiros descerem dos trens e seguraram portas para impedir a saída das composições. Policiais militares chegaram a entrar na estação, e os metroviários seguiram em direção à área de embarque da CPTM.

No final da noite de quinta, o Metrô divulgou uma nota afirmando que a greve de metroviários é covarde e cruel com a população. Ao todo, a empresa estima que 4,5 milhões de pessoas tenham sido afetadas.

"A decisão [de manter a greve] impõe mais um dia de sofrimento covarde à população e deixa ainda mais clara a irresponsabilidade do sindicato. (...) É ainda um desrespeito com a categoria dos metroviários. A decisão sobre o reajuste já está nas mãos da Justiça. Ou seja, a manutenção da greve é inútil para a negociação", afirma nota da empresa.

NEGOCIAÇÃO

Sem progresso nas negociações, o julgamento da greve e a definição do reajuste deveria ocorrer na tarde de sexta-feira (6), mas os metroviários pediram um prazo maior para apresentar sua defesa. Com isso, o julgamento poderá ocorrer no final de semana ou na segunda-feira (9). A data exata será definida pelo magistrado Rafael Pugliese, quando ele receber o processo.

Enquanto não ocorre o julgamento da greve, continua valendo a determinação da Justiça para que os metroviário mantenham 70% dos trens circulando nos horários normais e 100% nos horários de pico -6h às 9h e das 16h às 19h. A medida, porém, não foi cumprida nesta quinta, o que pode acarretar multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato.

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RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
3.136 operadores
1.206 oficiais de manutenção
1.147 seguranças
1.016 técnicos
Piso: R$ 1.323,55
Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
Data-base: 1º de maio

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NEGOCIAÇÃO

Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

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HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
23.mai.2012
2 e 3.ago.2007
14.jun.2007
15.ago.2006
17 e 18.jun.2003
25 e 26.jun.2001
2.jun.2000
9.dez.1999
24.nov.1999

¹Em dez.2013
²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET


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