Folha de S. Paulo


Metrô diz que greve de funcionários é covarde e cruel com a população

O Metrô de São Paulo afirmou na noite desta quinta-feira que a greve de metroviários iniciada hoje é covarde e cruel com a população. A categoria decidiu manter a paralisação pelo segundo dia nesta sexta (6). Ao todo, 4,5 milhões de pessoas foram afetadas, segundo estimativa do próprio Metrô.

"A decisão [de manter a greve] impõe mais um dia de sofrimento covarde à população e deixa ainda mais clara a irresponsabilidade do sindicato. (...) É ainda um desrespeito com a categoria dos metroviários. A decisão sobre o reajuste já está nas mãos da Justiça. Ou seja, a manutenção da greve é inútil para a negociação", afirma nota da empresa.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou em entrevista à TV Globo que "não tem o menor sentido uma greve que prejudica a população. Um pequeno grupo , muito político, para levar consequências, paralisação, caos, bagunça, sem a menor razão de ser".

Em reunião realizada nesta quinta, os metroviários sugeriram reajuste de 12,2% –antes reivindicavam 16,5%–, mas representantes do Metrô afirmaram que não existe possibilidade financeira de conceder reajuste maior que 8,7%. O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, afirma que o aumento nos benefícios resultarão em aumentos de 10,6% a 13,3%.

Sem progresso nas negociações, o julgamento da greve e a definição do reajuste deveria ocorrer na tarde de sexta-feira (6), mas os metroviários pediram um prazo maior para apresentar sua defesa. Com isso, o julgamento poderá ocorrer no final de semana ou na segunda-feira (9). A data exata será definida pelo magistrado Rafael Pugliese, quando ele receber o processo.

Enquanto não ocorre o julgamento da greve, continua valendo a determinação da Justiça para que os metroviário mantenham 70% dos trens circulando nos horários normais e 100% nos horários de pico -6h às 9h e das 16h às 19h. A medida, porém, não foi cumprida hoje, o que pode acarretar multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato.

OPERAÇÕES

Mesmo com a greve, o deslocamento de funcionários possibilitou a operação entre as estações Luz e Saúde, na linha 1-azul; entre as estações Ana Rosa e Vila Madalena, na linha 2-verde; e entre as estações Tatuapé e Marechal Deodoro, na linha 3-vermelha. As linhas 4-amarela e 5-lilás operam normalmente.

Durante a noite, porém, as estações Tatuapé e Belém foram fechadas, por volta das 20h40. Segundo a assessoria do Metrô, a medida foi tomada após funcionários grevistas fazerem piquetes no local impedindo que trens deixassem a estação.

Alguns metroviários entraram na estação gritando frases de ordem como "vamos parar essa linha ainda hoje" e foram vaiados por passageiros que estavam no local. O Metrô afirmou que os grevistas fizeram passageiros descerem dos trens e seguraram portas para impedir a saída das composições.

Policiais militares chegaram a entrar na estação, e os metroviários seguiram em direção à área de embarque da CPTM.

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RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
3.136 operadores
1.206 oficiais de manutenção
1.147 seguranças
1.016 técnicos
Piso: R$ 1.323,55
Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
Data-base: 1º de maio

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NEGOCIAÇÃO

Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

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HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
23.mai.2012
2 e 3.ago.2007
14.jun.2007
15.ago.2006
17 e 18.jun.2003
25 e 26.jun.2001
2.jun.2000
9.dez.1999
24.nov.1999

¹Em dez.2013
²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET


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