Folha de S. Paulo


Kassab vira principal opção para vice de Alckmin em SP

O veto da ex-senadora Marina Silva à reaproximação do seu companheiro na corrida presidencial, o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), com os tucanos em São Paulo fez com que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) se tornasse a principal opção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para vice da sua chapa na campanha à reeleição.

O ex-prefeito, antes desafeto do tucano, começou a negociar com intermediários de Alckmin e agora fala pessoalmente com o governador sobre os termos de uma aliança.

Na última sexta-feira (30), os dois debateram o assunto a sós por mais de uma hora no Palácio dos Bandeirantes. A pessoas próximas, ambos disseram não ter batido o martelo, mas confirmaram ter tratado da chapa e discutido, inclusive, o espaço que restaria ao PSB na composição.

Daniel Marenco/Folhapress
Integrantes do AfroRegge recebem pré-candidatos Campos e Marina, na favela de Vigário Geral, no Rio
Integrantes do AfroRegge recebem pré-candidatos Campos e Marina, na favela de Vigário Geral, no Rio

Dois dias depois, Kassab esteve com o senador Aécio Neves (MG), candidato dos tucanos à Presidência. Reafirmou a disposição em fechar com Alckmin em São Paulo, mas disse que isso não significaria alinhamento nacional. Na corrida pelo Planalto, Kassab declarou apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT).

A maioria dos aliados de Campos que defende o acerto com Alckmin é do PSB de São Paulo, chefiado pelo deputado Márcio França. Até a entrada de Marina na chapa presidencial, França, que foi secretário de Alckmin, era o mais cotado para ser o vice do governador tucano.

A ex-senadora condena um acerto com o PSDB. Seu veto levou Campos a interromper as conversas com Alckmin, em janeiro. Há dez dias, no entanto, o próprio Campos retomou os contatos.

A reaproximação levou a ex-senadora a subir o tom. Ela disse a aliados que boicotará a campanha paulista se houver acerto entre os dois.

Segundo cinco interlocutores, Marina foi taxativa ao afirmar que não estará no mesmo palanque que um representante da chapa de Alckmin. Sua reação e os entraves que vem impondo a este acordo fizeram de Kassab a principal opção para a vaga de vice do tucano.

"Não há como justificar uma coligação com o PSDB, principalmente no maior colégio eleitoral do país. A Rede defende candidatura própria e isso era pré-requisito quando Eduardo [Campos] e Marina [Silva] conversaram em outubro", disse João Paulo Capobianco, um dos articuladores mais próximos de Marina. "Isso está posto."

Numa tentativa de reagir à pressão da ex-senadora, França decidiu discutir formalmente a possibilidade de apoiar Alckmin em uma reunião da executiva do partido a ser realizada na sexta-feira (6). Será uma discussão ampliada, com deputados e prefeitos, plateia majoritariamente alckmista.

O assunto tornou-se muito delicado para Campos. Na segunda-feira (2) após participar de evento em São Paulo, ele afirmou que o debate interno é "natural", mas ressaltou que "nunca fez uma intervenção" em um diretório, o que indica que poderá acatar decisão pró-Alckmin.

Nesse cenário, os aliados de Marina afirmam que ela e os integrantes de seu grupo político vão declarar independência e apoiar outro candidato, do PV ou do Psol.

A ala que defende a aliança com Alckmin já admite que perdeu espaço para Kassab e sinaliza que estaria disposta a fazer um acordo com o nome de França para o Senado.

"Marina não vai aparecer. [Essa aliança] Significaria dizer que, em São Paulo, estar com Alckmin é mais valioso que estar com Marina", afirmou Walter Feldman, do grupo da ex-senadora.

Colaboraram NATUZA NERY e RANIER BRAGON de Brasília

Editoria de Arte/Folhapress

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