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Atos de sem-teto não têm a ver com a Copa, mas com legado, diz ministro

Pedro Ladeira/Folhapress
Dilma Rousseff participa de evento ao lado de Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral)
Dilma Rousseff participa de evento ao lado de Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) afirmou nesta sexta-feira (23) que as reivindicações de movimentos de sem-teto, em São Paulo, não têm a ver com a Copa do Mundo. Segundo ele, trata-se de interesses "muito localizados", "de um setor que tem o interesse legítimo de conquistar a habitação".

Ele disse que os grupos e o governo tentam lidar com a situação, mas "correm atrás de uma pressão de demanda de muito tempo".

Na última quinta-feira (22), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) articulou na capital paulista ato com 15 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, na região de Pinheiros. A manifestação é baseada na ideia "Hexa dos direitos", em alusão ao sexto título que a seleção brasileira busca. E reivindica moradia, transporte, saúde, educação de qualidade, entre outros. Também pedem "soberania na Copa".

"Nós temos também uma legalidade no país, temos uma fila de pessoas inscritas que nós temos que respeitar e não podemos estimular que as pessoas que pratiquem atos que ferem a legalidade sejam imediatamente recompensadas", disse Gilberto Carvalho ao fim de um evento com ONGs em Brasília.

"O movimento e legítimo, insisto, mas nós temos que trabalhar dentro dos marcos institucionais, legais do país, para que não se estimule também a famosa justiça com as próprias mãos, ou justiça direta. É uma mediação importante que nós estamos fazendo", continuou.

O ministro afirmou que as políticas de remoção do governo federal fazem parte de um contexto maior que a Copa, de busca para melhorar a infraestrutura do país.

Reconheceu, contudo, que o remanejamento das pessoas passa por aperfeiçoamento e que a presidente Dilma Rousseff deverá editar em breve um decreto que assegure que famílias sejam imediatamente recompensadas pelo Estado nesses casos.

Ainda segundo Gilberto, o governo já vê os protestos de agora "perdendo significado", à medida que forem sendo entregues obras sobretudo de mobilidade –motivo-chave dos protestos de junho do ano passado.

De acordo com ele, o que há é o crescimento de "movimentos de oportunidade", aos quais ele pediu "bom senso" para não causar "problemas para a imensa maioria das pessoas".


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