Folha de S. Paulo


Queda de popularidade é 'motivação a mais' para trabalhar, diz Mercadante

O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) afirmou nesta quinta-feira (27) que a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff é "uma motivação a mais para a gente trabalhar, trabalhar e trabalhar ainda mais duro para melhorar o Brasil e a vida do nosso povo".

Ele minimizou o impacto político da sondagem e afirmou que, na mesma época, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva tinham percentual inferior.

É a primeira vez que, como ministro-chefe da Casa Civil, Mercadante faz uma declaração à imprensa. Em meio a uma das mais graves crises políticas do governo, com a iminente instalação da CPI da Petrobras no Congresso e mudanças na equipe de articulação do Planalto, o ministro não comentou a sucessão de fatos no Legislativo.

Mais cedo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que "não há mais o que fazer" e que vai combinar com os líderes da Casa a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras.

Segundo a pesquisa, a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu no mês de março em comparação a novembro de 2013, aponta pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta. O percentual da população que avalia o governo Dilma como ótimo ou bom caiu 7 pontos percentuais, passando de 43% para 36%. Já o percentual de pessoas que confiam na presidente teve uma pequena redução de quatro pontos percentuais, indo de 52% para 48%.

Já em relação a forma com que a presidente Dilma governa caiu de 56% para 51%. Com a queda, a presidente interrompe um ciclo de recuperação da popularidade, que vinha tendo desde setembro do ano passado.

"É a segunda divulgação de uma mesma pesquisa, que foi a campo em meados de março. No dia 20 de março, essa pesquisa apresentou as intenções de votos que o instituto colheu junto à população que mostrava a presidenta Dilma num cenário mais provável com 43% das intenções de voto, o segundo colocado com 15% e o terceiro com 7%", disse Mercadante.

"Ela tinha mais que o dobro das intenções de votos e vencia no primeiro turno nas eleições e tinha uma intenção de votos que era superior a que o presidente FHC e o presidente Lula tinham em igual período do seu governo", continuou. Segundo o ministro, "essa segunda divulgação é mais uma tentativa de retratar aspectos da conjuntura".

CONGRESSO

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) evitou polemizar o resultado da pesquisa. "Relação com Congresso e pesquisa é a mesma coisa. Uma hora sobe, outra desce, uma hora está tensionada, outra hora distensionada. Tem aquela frase popular, é o retrato do momento", afirmou.

A ministra disse ainda que a gestão petista é bem reconhecida. "Estamos convencidos do rumo que o país está é extremamente adequado, melhorando a qualidade de vida, garantindo emprego, controle macroeconômico, investimento", disse.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reforçou o discurso.

"Eu acho que esses movimentos das pesquisas são naturais. A pesquisa fotografa um instante, uma circunstância e aquilo volta depois. Os últimos meses demonstraram isso", afirmou.
Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), a queda já era esperada.

"A crise chegou ao dia a dia do brasileiro, seja com a inflação alta, com a falta de solução para a área de segurança pública, com a ineficiência em modernizar o transporte público, com a alta da gasolina. O brasileiro está vendo que esse país está sem rumo", disse.

AÉCIO

Pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comemorou a queda de Dilma na pesquisa ao considerá-la "resultado do todo" apresentado pelo seu governo.

"Não é apenas Pasadena e a Petrobras, que impactam na consciência dos brasileiros e as suas expectativas. Mas é o conjunto da obra. Os resultados começam a apontar para um governo que vive os seus estertores", afirmou o tucano.

O tucano ainda ironizou a queda de Dilma: "O presidencialismo no Brasil é tão forte que o mau humor da presidente reflete na sociedade".

COLABOROU GABRIELA GUERREIRO, DE BRASÍLIA

Editoria de Arte/Folhapress

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