Folha de S. Paulo


Abraji e ESPM lançam curso de jornalismo investigativo no Rio

A ESPM Rio e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) lançaram com um debate, na manhã de hoje (2), no centro do Rio, um curso de pós-graduação em jornalismo investigativo, uma parceria entre as duas entidades.

O evento contou com a mediação de Marcelo Beraba, diretor da sucursal do Rio do jornal "O Estado de S. Paulo" e reuniu os jornalistas Glenn Greenwald, que revelou a espionagem do governo americano em vários países como o Brasil, e Mauri König, da "Gazeta do Povo" (PR), premiado por publicar reportagens sobre a corrupção da Polícia Civil naquele Estado.

Durante duas horas, Greenwald e König destacaram a importância do jornalista estar atualizado a respeito das novas tecnologias, mas seu uso deve estar aliado à leitura constante e à organização na produção das reportagens. A dupla também destacou a importância da internet no trabalho jornalístico nos dias atuais.

"Quando comecei nesta carreira, eu estava totalmente sem regras. Tinha um um blog. Eu não estudei jornalismo e quebrei muitas regras por não saber como usá-las ou por ser contra elas. Muitas pessoas em outros países fazem o mesmo. Agora, é esse modelo que queremos com essa nova organização. E a internet possibilitará isso", afirmou Greenwald que deixou o diário britânico "The Guardian" e, atualmente, investe na montagem de uma equipe de jornalistas investigativos.

Glenn Greenwald foi contratado pelo fundador do eBay, Pierre Omidyar, para um novo empreendimento de mídia. Segundo ele, o projeto investirá em reportagens independentes feitas por "jornalistas apaixonados".

"Temos US$ 8 milhões para investir no projeto. Estamos ouvindo, selecionando profissionais que briguem por suas reportagens. Agora, destaco para os jovens jornalistas que, se você quer ser amado, melhor ser médico ou padre. Jornalista não. Se quer fazer jornalismo você precisa aceitar isso", disse Greenwald.

Já Mauri König destacou que o jornalista deve entender as novas tecnologias e usá-las no dia a dia para a produção de reportagens no impresso e no online.

"Tive modelos e antimodelos de jornalismo e com eles aprendi. Hoje é inadmissível que um jornalista não domine os recursos tecnológicos que existem ou um banco de dados. É importante destacar que a sociedade não pode prescindir do jornalismo analítico, investigativo, profundo. Mas aconteça o que for, o jornalista sempre estará na linha de frente", disse König.

Para Greenwald, é importante que os jornalistas entendam de novas tecnologias, mas saibam que o jornalismo não mudou. "Há cinquenta anos havia jornalistas descobrindo coisas que os governos tentavam esconder e sempre deram um jeito de publicar essas informações", disse o jornalista americano.


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