Folha de S. Paulo


Comissões da Verdade de SP discutem ações conjuntas

Representantes de Comissões da Verdade que atuam em São Paulo se reuniram nesta segunda-feira (9), na Câmara Municipal, para prestarem informações sobre os trabalhos em andamento.

Comissões da Verdade se multiplicam sem avançar investigações
Desinteresse esvazia comitês da Comissão da Verdade em São Paulo

Além de integrantes da comissão nacional, participaram membros dos comitês estaduais e municipais, além de grupos temáticos que investigam violações aos direitos humanos em universidades e entre jornalistas, por exemplo.

"Este é um bom momento para acertarmos os trabalhos entre as comissões", disse o advogado Dalmo Dallari, membro da comissão da USP (Universidade de São Paulo).

"Há professores que elaboravam listas (de subversivos) e as repassavam para agentes da repressão", afirmou Dallari, professor emérito da Faculdade de Direito da USP.

"Acho muito importante fazer essa divulgação, são pessoas hoje que têm fama de serem grandes defensores do direito, mas que entregavam colegas."

O principal objetivo do encontro é conversar sobre as diferentes linhas de investigação para acertar eventuais ações conjuntas.

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, José Carlos Dias, presente na reunião na Câmara Municipal de São Paulo, disse que marcará eventos e depoimentos conjuntos com outras comissões para utilizar do poder coercitivo do comitê nacional --o único do país com a prerrogativa de convocar depoentes.

Os convocados, caso não apareçam, podem responder pelo crime de desobediência.

O presidente do comitê da Câmara Municipal, vereador Gilberto Natalini (PV), e o presidente do grupo estadual, deputado Adriano Diogo (PT), criticaram a Folha pela reportagem publicada na edição desta segunda-feira.

De acordo a reportagem, as comissões da verdade se multiplicam pelo país sem conseguir avançar na elucidação dos crimes ocorridos na ditadura militar (1964-85).

Os grupos, muitas vezes esvaziados, procuram atuar em casos já conhecidos ou de fácil apelo, como as mortes dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Gilberto Natalini afirmou que eles não estão sozinhos. "A comissão municipal nunca deixou de ter quorum, e temos o apoio integral da Câmara Municipal". Ele, contudo, reconheceu que "levantar o passado é algo muito complexo".

No final do encontro, Adriano Diogo também admitiu que as comissões parlamentares têm "muita dificuldade para atuar". Mas, para ele, o principal problema é a forma como a Folha noticia o trabalho das comissões.

"A Folha ainda não fez sua autocrítica. O jornal ainda continua acreditando na ditabranda e prestando enormes desserviços à democracia".

O termo "ditabranda" foi usado pela Folha em editorial publicado em 2009 sobre o governo militar. O jornal se retratou por meio de nota.

Danilo Verpa/Folhapress
Encontro conjunto de Comissões da Verdade de São Paulo na Câmara Municipal da capital na manhã dessa segunda-feira (9)
Encontro conjunto de Comissões da Verdade de São Paulo na Câmara Municipal da capital na manhã dessa segunda-feira (9)

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