Folha de S. Paulo


Dilma defende o Mais Médicos e rebate os que 'apostavam' no fracasso na economia

Em um discurso pautado por respostas contra os que "apostavam" no fracasso de seu governo, a presidente Dilma Rousseff fez nesta sexta-feira (6) uma defesa de seu principal programa para a saúde, o Mais Médicos, e da retomada da economia doméstica.

Em cadeia nacional de rádio e TV, a presidente usou seu pronunciamento de cerca de dez minutos pelo Sete de Setembro para reconhecer que é preciso "fazer mais investimentos" em saúde e afirmar que "não é uma decisão contra os médicos nacionais", mas uma "decisão a favor da saúde".

Leia a íntegra do pronunciamento de Dilma

O projeto é a única resposta do governo em curso desde seu último pronunciamento em rede nacional, em junho, a reboque dos protestos daquela época.

É também no Mais Médicos que residem todas as apostas dos petistas para catapultar a campanha do ministro Alexandre Padilha (Saúde), virtual candidato do PT para o governo paulista em 2014.

"O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre", argumenta Dilma.

"O Brasil deve muito a seus médicos, o Brasil deve muito à sua medicina, mas o país ainda tem uma grande dívida com a saúde pública e essa dívida tem que ser resgatada o mais rápido possível", continua.

Em uma resposta calculada às entidades médicas que questionam seu programa, Dilma pediu compreensão: "O Mais Médicos está se tornando realidade e tenho certeza de que, a cada dia, vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste programa".

"A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde", afirmou a presidente.

Editoria de Arte/Folhapress

RETOMADA

As críticas à economia também deram o tom da fala de Dilma nesta noite. Para ela, "falharam mais uma vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo".

"Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento", afirmou.

No segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto, que soma todas as riquezas produzidas pelo país no período) cresceu 1,5% em comparação ao período anterior e foi recebido com alívio pelo Palácio do Planalto.

Segundo a presidente, a economia continua "firme e superando desafios" e que "prova contundente" disso é que o Brasil, no segundo trimestre, foi "uma das economias que mais cresceu no mundo", superando EUA e Alemanha.

Dilma atribuiu as "oscilações" do dólar, "que afetam a economia de todos os países emergentes, sem exceção", à política monetária norte-americana. "A situação ainda exige cuidados, porém há sinais de que o pior já passou."

PACTOS

Ao longo de sua fala, a presidente também fez um balanço sobre os cinco pactos lançados no fim de junho. Classificou como "um bom passo" a proposta de decreto legislativo entregue na semana passada com vistas a convocar um plebiscito para a reforma política --ainda que sem a maior parte de suas propostas originais.

Sobre estabilidade fiscal, citou que as contas públicas e a inflação "estão sob controle".

Lembrou ainda que em outubro ocorre o leilão do pré-sal do Campo de Libra e sinalizou que sancionará o projeto que destina 75% dos royalties para a educação --antes, a proposta era 100%.

O pronunciamento foi gravado no último sábado, antes de Dilma viajar para a Rússia para a reunião do G20. Ela voltaria apenas ontem à noite, depois de sua fala nacional.


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