Folha de S. Paulo


Lealdade ao partido é maior do que ao governo, diz Alves sobre voto contra Dilma

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou na manhã desta quarta-feira (21) que a lealdade ao partido será sempre maior do que a qualquer governo ao justificar por que votou contra um dos vetos da presidente Dilma Rousseff analisados na noite de ontem pelo Congresso.

O voto de Alves --que foi testemunhado pela Folha-- foi seguida por praticamente toda a bancada do PMDB, que fechou questão contra o veto de Dilma a projeto que isentava Estados e municípios de desonerações promovidas pelo governo federal.

Henrique Alves, presidente da Câmara, vota contra Dilma no Congresso
Congresso mantém vetos de Dilma a Ato Médico e fundo dos Estados

Embora não tenha divulgado a quantidade de votos, o Senado informou que os quatro vetos de Dilma analisados na sessão de ontem foram mantidos --para derrubá-los seria necessário o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados e de 41 dos 81 senadores.

"Podemos ter direito de discordar, de apoiar, essa questão [do veto] é fundamental para Estados e municípios, foi a posição da bancada, a bancada tomou por unanimidade essa posição. E há 42 anos eu voto com o meu partido, acho que tenho esse traço de lealdade e fidelidade com o partido", afirmou Henrique Alves.

Questionado se a lealdade é maior ao partido ou ao governo, já que o PMDB é o maior aliado do PT na coalizão dilmista, o peemedebista emendou: "Sempre será maior [ao partido] do que a qualquer governo."

Apesar de ter um papel crucial na base governista, o PMDB tem patrocinado episódios de rebelião no Congresso. No comando de Câmara e Senado, o partido colocou em prática, por exemplo, a regra de votar mensalmente os vetos feitos pela Presidência da República a projetos aprovados no Congresso, prática antes quase nunca utilizada.

Além disso, Alves é o porta-bandeira de um projeto que prevê a execução obrigatória de parte das obras que deputados e senadores incluem no Orçamento da União, proposta que também não é vista com bons olhos pelo governo.

A rebelião de ontem, embora não tenha conseguido derrubar nenhum veto de Dilma, também contou com a participação de outros partidos governistas, como o PTB e o PSB do governador e presidenciável Eduardo Campos (PE).

No mês que vem, o Congresso deve analisar o veto de Dilma ao fim da multa de 10% do FGTS que empregadores pagam ao governo nas demissões. O governo é contra o fim da cobrança, já que usa o recurso, entre outras coisas, para o programa Minha Casa Minha Vida.

Pedro Ladeira-5.ago.13/Folhapress
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e a presidente Dilma Rousseff em solenidade no Palácio do Planalto
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e a presidente Dilma Rousseff em solenidade no Palácio do Planalto

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