Folha de S. Paulo


Operador cobra parte do dinheiro de Maluf

Um operador financeiro que ajudou a movimentar o dinheiro da família do deputado Paulo Maluf (PP-SP) no exterior poderá ficar com parte dos recursos que a Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público Estadual tentam trazer de volta ao Brasil.

O jordaniano Hani Bin Al Kalouti, que foi diretor de duas empresas controladas pela família Maluf no exterior, poderá receber US$ 1,3 milhão (ou R$ 2,7 milhões).

Outro lado: Maluf diz que não é réu e nega elo com consultor

A Corte da Ilha de Jersey, paraíso fiscal britânico por onde circulou parte do dinheiro da família, decide hoje se o valor será usado para pagar Kalouti ou será devolvido ao município.

A prefeitura pede que a quantia seja usada para quitar parte da punição imposta por Jersey às empresas da família, no valor de US$ 28 milhões (ou R$ 58 milhões).

A primeira parcela da condenação já foi entregue aos advogados ingleses da prefeitura na semana passada. O primeiro montante a voltar ao Brasil soma 1 milhão de libras esterlinas (R$ 3,3 milhões).

Os recursos são associados a desvios que teriam ocorrido na execução de obras quando Maluf era prefeito e foram remetidos ao exterior há 15 anos, segundo a prefeitura, o Ministério Público Estadual e os juízes de Jersey.

Maluf sempre negou ter dinheiro no exterior, mas o processo de Jersey reuniu farta documentação mostrando que ele e seu filho Flávio controlam duas empresas, a Durant e a Kildare, e movimentaram suas contas bancárias.

Kalouti, dono da consultoria financeira suíça HBK, disse que prestou serviços para as duas companhias, mas até hoje não recebeu "um significativo valor de comissões". Afirma que a dívida foi reconhecida pela corte em 2007.

No Brasil, ele é um dos réus numa ação civil proposta pelo Ministério Público contra Maluf. Para o promotor Silvio Marques, o jordaniano ajudou a lavar dinheiro que teria sido desviado por Maluf.

Kalouti disse à Folha por e-mail que não suspeitava da origem ilegal do dinheiro quando começou a trabalhar para a família, em 1997. "O sr. Maluf era fortemente recomendado e aceito por respeitáveis instituições financeiras internacionais", afirmou.

"Posteriormente, quando nossa suspeita surgiu, cumprimos abertamente nossas obrigações para com as autoridades suíças, em 2001", completou. Questionado sobre como surgiram suas suspeitas, ele não respondeu.

Apesar de o destino do US$ 1,3 milhão ainda estar em discussão, ele afirmou à Folha que aceita que o valor agora seja usado para a devolução à Prefeitura de São Paulo.


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