Folha de S. Paulo


Comissão convida Carvalho para falar de sindicância sobre Rose Noronha

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) terá que explicar, no Senado, acusação de que teria tentado impedir a realização de sindicância instalada pelo governo para investigar a atuação de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo.

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado aprovou nesta terça-feira convite para Carvalho falar aos senadores.

Aliado do governo, o presidente da comissão, senador Blairo Maggi (PR-MT) colocou o pedido em votação em uma sessão esvaziada --o que impediu a mobilização de governistas para impedirem a aprovação da convocação.

Defesa de Rosemary chama 20 testemunhas para processo na CGU
Oposição quer ter acesso à sindicância sobre Rosemary Noronha

Alan Marques - 15.ago.12/Folhapress
Ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República)
Ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência)

O pedido é autoria do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP). "É muito descortês recusar um convite da Comissão de Fiscalização do Senado. Eu acho que ele vai atender ao nosso convite", afirmou o tucano.

Nunes pede, no requerimento, que Carvalho preste esclarecimentos sobre a "investigação paralela" conduzida pela Secretaria Geral da Presidência sobre a atuação de Rosemary. Segundo reportagem da revista "Veja" na semana passada, o titular da pasta teria agido para impedir investigações contra Rosemary, de quem é amigo pessoal.

A sindicância foi aberta pelo governo no ano passado para apurar a conduta de Rose, que é uma das investigadas pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, sobre um esquema de venda de pareceres e tráfico de influência no governo.

Paralelamente à investigação criminal, o governo decidiu abrir uma comissão de sindicância, formada pela CGU (Controladoria-Geral da União), AGU (Advocacia-Geral da União) e Casa Civil, para investigar administrativamente a conduta de Rose.

Indiciada por formação de quadrilha, ela foi exonerada do cargo em dezembro. Mesmo assim, o governo abriu uma comissão de sindicância para investigar administrativamente sua conduta.

A defesa da ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo tenta demonstrar que toda nomeação depende de um "colchão de apoio político e institucional".

"Quem sabe a CGU não vai desencadear novas sindicâncias contra outras autoridades, partindo dos mesmos critérios usados em relação a Rosemary?", diz o advogado Fabio Medina.

A revista "Veja" mostrou conteúdo de relatório do governo que embasou a abertura de processo disciplinar. O documento detalha como Rose se beneficiava de sua relação de intimidade com o então presidente Lula.

Entre os detalhes está uma viagem a Roma na qual Rose e seu marido ficaram hospedados na embaixada brasileira, localizada em um palácio na Piazza Navona, famoso ponto turístico da cidade.

Rosemary é responsabilizada pela nomeação de dois diretores de agências reguladoras acusados, com ela, de esquema de corrupção que envolvia a venda de pareceres.


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