Folha de S. Paulo


Antes de júri, irmão de PC Farias diz que réus são inocentes

Começou na tarde desta segunda-feira (6), em Maceió, o julgamento dos quatro ex-seguranças denunciados sob acusação de envolvimento na morte de Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino.

Os policiais militares Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva são acusados de participação nas mortes ou, no mínimo, de omissão ao não evitá-las, já que eram seguranças de PC.

Antes do início da sessão, em entrevista, o ex-deputado federal Augusto Farias (antigo PPB, hoje PP), irmão de PC, defendeu a inocência dos réus e acusou os delegados que atuaram na segunda fase do inquérito de tentarem negociar com ele o indiciamento apenas dos quatro ex-seguranças.

Os delegados foram responsáveis pelo indiciamento (citação como suspeito) de Augusto como envolvido no crime. Como tinha foro privilegiado à época, a denúncia contra ele foi para o STF (Supremo Tribunal Federal), onde o processo foi arquivado por falta de provas, em 2002.

"Eles fizeram uma proposta indecorosa, queriam me deixar de fora da acusação, contanto que eu concordasse com o indiciamento dos seguranças", afirmou Augusto.

De acordo com as investigações, Augusto foi o último parente a se encontrar com PC e o primeiro a chegar na cena do crime.

O ex-deputado é uma das testemunhas de defesa dos seguranças. Para o ex-deputado, os réus são inocentes, o que justifica, segundo ele, sua recusa à suposta proposta dos delegados.

"Eu não ia aceitar uma proposta dessa e deixar quatro inocentes pagarem por um crime que não cometeram", afirmou.

Tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989, PC Farias e Suzana foram encontrados mortos em 23 de junho de 1996, com um tiro cada um, na casa de praia dele.

PC Farias é tido como articulador do esquema de corrupção no governo denunciado à época.

O júri é presidido pelo juiz Maurício Breda e começou com a escolha dos sete jurados --cinco homens e duas mulheres. O caseiro da casa de praia de PC, Leonino Carvalho, foi o primeiro a depor.

O julgamento deve se estender até sexta-feira (10).

A filha de PC, Ingrid Farias, também é testemunha de defesa e acompanha o julgamento junto com o tio, no fórum de Maceió.

O CASO

Segundo a Promotoria, a morte de PC foi investigada como "queima de arquivo", pois ele era acusado de sonegação de impostos e enriquecimento ilícito e poderia revelar outros envolvidos.

O promotor Marcos Mousinho diz que a tese de que Suzana havia matado PC e depois se suicidado foi descartada pelos peritos.

O Ministério Público afirma que o caso foi um crime de mando, mas nunca chegou a uma conclusão sobre o mandante.

O advogado dos ex-seguranças, José Fragoso Cavalcanti, diz que provará no júri que Suzana matou PC Farias e se matou. Cavalcanti também defendeu Augusto Farias.


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