Folha de S. Paulo


Mais de 130 ações em MT vão apurar furtos de madeira

Servidores públicos, fazendeiros, madeireiros e empresários de Mato Grosso vão responder na Justiça a 133 ações penais pelos crimes de formação de quadrilha, desmatamento ilegal, falsidade ideológica e furto de madeiras de áreas protegidas.

Eles foram alvo das operações Jurupari 1 e 2, realizadas em 2010. A Polícia Federal apurou um suposto esquema de fraudes envolvendo licenciamentos ambientais para exploração de madeira.

O valor estimado dos danos ambientais causados chega a cerca de R$ 900 milhões, segundo a PF.

O juiz substituto da 5ª Vara Federal, Fábio Fiorenza, acatou no último dia 5 a denúncia feita pelo Ministério Público Federal com base no inquérito policial.

As ações foram desmembradas em dois grupos diferentes. Segundo a Justiça Federal, 156 réus responderão a 76 ações e 169 responderão a outras 57.

Réus do primeiro grupo também podem responder a ações do segundo.

Em nota, a Justiça Federal informou que o processo foi desmembrado em duas partes para "garantir a ampla defesa e o contraditório, assim como viabilizar a celeridade processual".

Em 2010, a Polícia Federal chegou a indiciar 93 pessoas e prender 65 suspeitos, liberados em menos de uma semana por habeas corpus concedido pelo TRF (Tribunal Regional Federal).
Entre os presos à época estavam Sílvio Corrêa, ex-chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-titular da Secretaria do Meio Ambiente, Luis Henrique Daldegan, e Janete Riva (PSD), mulher do deputado estadual José Riva (PSD).

Naquele ano, a Polícia Federal disse que o Daldegan, que era da secretaria do Meio Ambiente, teria alterado o zoneamento ambiental da APA (Área de Preservação Ambiental) da Chapada dos Guimarães.

Janete Riva, anunciada no final do ano passado como futura secretária estadual de Cultura, é dona de uma fazenda onde a Polícia Federal identificou prejuízos ambientais de pelo menos R$ 38 milhões.

Já Corrêa surge em diálogos que, segundo as investigações da Polícia Federal, sugerem que ele usava o cargo para exercer pressão sobre processos de licenciamento.

Todos os suspeitos negaram as acusações à época. (DANIEL CARVALHO)


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