Folha de S. Paulo

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Editorial: Os s�cios reagem

Congresso Nacional, Poder Executivo, partidos pol�ticos, empresas privadas e, claro, a Petrobras: n�o s�o poucas as institui��es sobre as quais a Opera��o Lava Jato lan�a v�rias e corrosivas levas de compostos detergentes.

Dificilmente poderia acontecer coisa pior do que a eventualidade de assistir-se ao ingresso de novos personagens no processo de desmoraliza��o atualmente em curso.

A not�cia de que o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, manteve contatos fora da agenda oficial com Jos� Eduardo Cardozo, ministro da Justi�a, d� ocasi�o a movimentos de desconfian�a.

Figuras de primeiro plano na administra��o federal –como o ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o, e Gleisi Hoffmann, sua colega na Casa Civil– veem-se inclu�das na lista de personalidades que devem ser objeto de inqu�rito.

Minist�rio P�blico e governo federal se encontram, desse modo, em campos opostos neste caso –e a circunst�ncia de que, por mais de uma vez, ministro e procurador se tenham visto em segredo �, no m�nimo, raz�o de desconforto.

Duas circunst�ncias, por�m, atenuam o mal-estar provocado pelo injustific�vel sigilo. A primeira � que, com a atua��o de Janot, est�o longe de ter sido contemplados os interesses do governo Dilma Rousseff (PT), constrangido com as suspeitas lan�adas sobre v�rios de seus ex-ministros.

O segundo fator a conferir credibilidade ao pedido de investiga��es �, precisamente, o que parece haver de desespero nas tentativas de contest�-lo. N�o � outra a impress�o causada pelas declara��es do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de seu equivalente na C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Ambos reagiram com veem�ncia � inclus�o de seus nomes na lista da Lava Jato. Calheiros, cujo hist�rico sugere que se salpique a necess�ria presun��o de inoc�ncia com alguns gr�os de sabedoria, acusa o Planalto de dirigir os atos de Janot. Cunha, num infeliz arroubo, declara que o governo federal busca "s�cios na lama".

S�cios na lama? Mas quem n�o o �? PMDB, PP, PT, empreiteiras e parlamentares, nenhum escapa das mais graves suspeitas.

O pedido de inqu�rito n�o � uma condena��o. Corresponde, antes, a um dever incontorn�vel por parte do Minist�rio P�blico; este seria acusado de omiss�o se poupasse os nomes mencionados. Cabe agora verificar serenamente, na massa de den�ncias e dela��es, o que de fato se sustenta.

A intimida��o ret�rica e a beliger�ncia contra um Executivo notoriamente acuado n�o s�o capazes de recuperar –muito ao contr�rio– a credibilidade de ningu�m.


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