Folha de S. Paulo


Após rodada de negociações, Maduro convida adversários para reunião

Um dia após a primeira rodada de negociações entre o regime e a oposição, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, convidou neste domingo (3) seus detratores para uma reunião nesta semana no Palácio de Miraflores.

Em seu programa na TV estatal, o mandatário disse que a intenção é discutir com ele e sua comissão os seis pontos aprovados na primeira reunião na República Dominicana e os avanços para o próximo encontro, no dia 15.

Presidência da Venezuela/Xinhua
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, apresenta seu programa no canal estatal VTV neste domingo
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, apresenta seu programa no canal estatal VTV neste domingo

"Acho que vai ajudar muito a avançar até o dia 15. Começou o diálogo formal e é uma boa notícia para o mundo e a Venezuela", disse, agradecendo a participação de seus negociadores e os da oposição. "Estou muito feliz."

A comissão opositora é chefiada pelo presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, alvo preferencial do chavista desde o início das manifestações contra o regime e cuja prisão foi pedida pelo ditador diversas vezes.

Maduro o acusa de ser o mandante da violência nos protestos e de articular com os EUA as sanções econômicas e a "guerra econômica" no país, forma como o líder chama a crise econômica e humanitária venezuelana.

Borges respondeu a Maduro dizendo que seu objetivo com as negociações "não é atender seus convites, mas chegar a um acordo para traçar um roteiro do futuro da Venezuela, que inclua comida, remédios e voto livre".

"Convite a Miraflores as famílias venezuelanas que passam fome e escassez de remédios que foram provocadas por seu modelo [político]. Nós iremos quando recuperemos a democracia nas eleições presidenciais de 2018."

As delegações não divulgaram os pontos acordados. O presidente dominicano, Danilo Medina, e o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, disse que houve avanços significativos e que os dois lados estão perto de um acordo.

MOEDA VIRTUAL

Além do convite aos rivais, Maduro anunciou a criação de uma moeda virtual na Venezuela, o "petro", cujo lastro se baseará nas cotações do ouro, do petróleo, do gás natural e do diamante, "para avançar na soberania monetária".

"Isso permitirá que avancemos em direção a novas formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social", disse Maduro, que também criou um observatório de blockchain, plataforma para comprar e vender moedas virtuais.

O petro é criado no momento em que a moeda física venezuelana, o bolívar, desvalorizou 95% neste ano em relação ao dólar, semanas depois que o país foi declarado em calote parcial por não ter reservas em moeda estrangeira para pagar os juros de sua dívida pública.


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