Folha de S. Paulo


Volume de bolívares em circulação na Venezuela tem maior alta em 25 anos

Marco Bello/Reuters
Homem com notas de 500 e 5.000 bolívares, em foto de Caracas
Homem com notas de 500 e 5.000 bolívares, em foto de Caracas

Em um sinal claro da inflação sem controle que atinge a Venezuela, o montante de dinheiro vivo em circulação no país cresceu quase 10% em apenas uma semana no início de julho, o maior aumento semanal desse índice nos últimos 25 anos.

O banco central venezuelano anunciou na sexta-feira (28) que havia 27,3 trilhões de bolívares –a moeda nacional– circulando em 21 de julho, 9,66% a mais que em relação ao dia 14.

Em outubro de 1992, quando a Venezuela havia acabado de passar por duas tentativas de golpe militar –a primeira levou à prisão de Hugo Chávez (1954-2013), então apenas um coronel que tentou derrubar o presidente Carlos Andrés Pérez (1922-2010)–, o volume de bolívares nas mãos dos venezuelanos subiu 10,84% em uma única semana.

No total do ano passado, esse indicador, que inclui cadernetas de poupança e outras formas de depósito, teve alta de 384%. Em comparação, o volume de dólares circulando nos EUA cresceu apenas 5,5% em 2016.

Este índice, chamado tecnicamente de M2 pelos economistas, é pouco conhecido na maioria dos países, mas na Venezuela se tornou comum os jornais publicarem as variações semanais.

O reflexo da alta do M2 se vê nas ruas, com venezuelanos carregando sacos de bolívares para fazerem compras simples –isso quando há produtos à venda no comércio, num país com problema grave de desabastecimento.

O último ano em que o governo divulgou números da inflação foi em 2015, quando o índice oficial ficou em 181%. Para este ano, o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que a alta dos preços na Venezuela chegue a 720%.

Nesta semana, o país também viu a taxa de câmbio no mercado negro passar de 10 mil bolívares por dólar.

Quando o presidente Nicolás Maduro assumiu, em abril de 2013, o indicador estava em apenas 24 bolívares por dólar. Para justificar a situação do país, Maduro diz repetidamente que enfrenta uma "guerra econômica" promovida pela oposição e pelos Estados Unidos.


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