Folha de S. Paulo


Análise

Estrategista-chefe de presidente se torna voz forte na segurança

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA terá em seu comitê principal a presença obrigatória de Steve Bannon, estrategista-chefe de Donald Trump, conhecido por opiniões nacionalistas e de extrema direita.

Uma reestruturação do órgão foi anunciada com pouco alarde no último sábado (28), enquanto o país era sacudido pelas polêmicas restrições à entrada de estrangeiros no país.

Carlo Allegri - 25.ago.2016/Reuters
Stephen Bannon CEO of Republican presidential nominee Donald Trump's campaign is pictured during a round table with the Republican Leadership Initiative at Trump Tower in the Manhattan borough of New York, U.S., August 25, 2016. REUTERS/Carlo Allegri ORG XMIT: CRA109
Stephen Bannon, estrategista-chefe da Casa Branca, em foto de agosto, durante a campanha de Trump

Com a reforma do conselho, o chefe do Estado-Maior e o diretor de inteligência nacional só participarão de reuniões quando convidados, medida que rompe décadas de tradição.

O novo organograma causou perplexidade em Washington. Michael Morell, ex-diretor da CIA, disse que substituir especialistas militares e civis pelo estrategista-chefe abre precedente perigoso ao misturar política e segurança. Para o senador democrata Bernie Sanders, que perdeu as primárias democratas para Hillary Clinton, Bannon deve ser removido imediatamente do conselho.

A atribuição do órgão é informar ao presidente sobre riscos à segurança nacional. Relatórios produzidos pelos conselheiros servem como diretrizes da grande estratégia, como foi o caso do documento de 1950 que lançou a Guerra Fria. Nesse sentido, o comitê principal desempenha papel nevrálgico.

Bannon, cuja experiência na área se resume a sete anos como oficial da Marinha e um mestrado em Estudos de Segurança Nacional, vem ganhando poder no governo. Tendo sido um dos formuladores do decreto sobre imigração, Bannon é o principal articulador para o desmonte do Obamacare e a demissão de funcionários públicos.

Crítico virulento do Partido Democrata, ele nunca poupou os republicanos quando era editor do Breitbart News, site repleto de teorias conspiratórias e acusado de racismo e xenofobia. Muitos de seus artigos mostravam o Partido Republicano como insuficientemente conservador e enalteciam os chamados neorreacionários e a direita alternativa.

Como conselheiro de Trump durante a campanha, Bannon foi fundamental no enfraquecimento dos demais candidatos republicanos e, mais tarde, nos ataques a Hillary. Pouco dias após a posse, já é possível reconhecer sua marca também em quase todas as medidas tomadas pelo Executivo.


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