Folha de S. Paulo


Mais de 200 mil pedem renúncia de presidente da Coreia do Sul

Jung Yeon-Je/AFP
Tens of thousands of protesters hold up signs calling for the resignation of South Korean President Park Geun-Hye during an anti-government rally following presidential scandal in central Seoul on November 12, 2016. Tens of thousands of men, women and children joined one of the largest anti-government protests seen in Seoul for decades on November 12, demanding President Park Geun-Hye's resignation over a snowballing corruption scandal. / AFP PHOTO / JUNG YEON-JE ORG XMIT: JYJ501
Manifestantes com cartazes que defendem a saída de Park Geun-Hye da presidência, no centro de Seul

Dezenas de milhares de sul-coreanos foram às ruas no sábado (12) pedir a renúncia da presidente Park Geun-hye, envolvida em denúncias de corrupção.

Os organizadores disseram que os protestos reuniram 1 milhão de pessoas. A polícia, por sua vez, estimou esse número em 260 mil.

A origem dos protestos é uma amiga e confidente da presidente sul-coreana que foi detida sob suspeita de tráfico de influência, abrindo caminho a um escândalo político de consequências imprevisíveis para Park Geun-hye.

As revelações indicam que Choin Soon-sil, 60, sua amiga há 40 anos, a aconselhava nos assuntos de Estado sem exercer nenhuma função oficial ou ter habilitação em matéria de segurança.

Choi é investigada pela suspeita de usar seus contatos na Casa Azul, a sede da presidência, para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, como a Samsung, que teria destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.

Na semana passada, ao retornar da Alemanha, para onde havia fugido, Choi se entregou à polícia e foi submetida a várias horas de interrogatório pelo Ministério Público sul-coreano.

"Desculpem-me. Cometi um pecado mortal", declarou Choi depois de entrar na sede do MP.

Ed Jones/Pool/Reuters
South Korean President Park Geun-Hye speaks during an address to the nation, at the presidential Blue House in Seoul on November 4, 2016.REUTERS/Ed Jones/Pool TPX IMAGES OF THE DAY
A presidente sul-coreana Park Geun-Hye durante discurso em 4 de novembro

Durante dias, a imprensa trouxe relatos sobre Choi e seu relacionamento com a presidente. Choi relia e corrigia os discursos da presidente e até mesmo a aconselhava nas nomeações de integrantes de alto escalão.

Além disso, ela teria tido acesso a documentos confidenciais, o que abala a imagem da presidente, em franca queda, apesar de ter se desculpado publicamente na semana passada.

Apenas 9,2% dos sul-coreanos aprovam sua gestão e 67% desejam que a presidente renuncie, segundo pesquisa divulgada na terça (8).

Choi é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-min, chefe autoproclamado da Igreja da Vida Eterna. Ele havia se convertido em mentor de Park Geun-hye depois do assassinato de sua mãe, em 1974.

Segundo a imprensa, Choi teria herdado de seu pai, morto em 1994, uma influência pouco apropriada sobre a presidente.

O ex-marido de Choi havia sido um dos principais adjuntos de Park até sua eleição, em 2012. Choi visitava frequentemente a "Casa Azul" desde que Park assumiu a presidência, em fevereiro de 2013, segundo a imprensa local.

A presidência desmentiu energicamente esta afirmação, e a presidente Park só admitiu ter pedido conselhos a Choi a respeito de alguns discursos.

Depois da explosão do escândalo, Park destituiu vários de seus conselheiros suspeitos de estar vinculados a Choi. Para superar a crise, Park cogita a possibilidade de nomear um gabinete de união nacional, segundo alguns observadores.

A Constituição sul-coreana não autoriza ações judiciais contra um presidente em exercício.


Endereço da página:

Links no texto: