Folha de S. Paulo


Venezuela fracassa em tentativa de cancelar sessão extraordinária na OEA

A Venezuela foi derrotada nesta quinta (23) em sua tentativa de cancelar a sessão extraordinária na OEA (Organização dos Estados Americanos) convocada pelo secretário-geral da entidade, Luis Almagro, para debater a crise no país. Vinte países votaram a favor de manter a sessão, incluindo o Brasil, 12 foram contra.

A tentativa venezuelana de cancelar o debate era esperada, diante do permanente confronto entre o governo do país e Almagro. A Venezuela considera ilegítima e "intervencionista" a iniciativa do secretário-geral, que convocou a sessão extraordinária do Conselho Permanente com base na Carta Democrática da OEA.

Marcelo Ninio/Folhapress
Manifestantes protestam em frente a sessão extraordinária na OEA, em Washington, DC
Manifestantes protestam em frente a sessão extraordinária na OEA, em Washington, DC

O objetivo é apresentar o relatório elaborado por Almagro sobre a situação na Venezuela e discutir procedimentos para ajudar a resolver a crise. A evocação da Carta poderia levar a ações como o envio de uma missão à Venezuela e, no limite, à suspensão do país na OEA, mas são opções que no momento dificilmente teriam votos suficientes para serem aprovadas.

Ao defender o cancelamento da sessão, a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, chamou a ação de Almagro de "um golpe de Estado" e o acusou de estar abusando de suas funções. Segundo Delcy, a iniciativa do secretário-geral prejudica as negociações sobre uma solução para a crise política no país, já que a oposição venezuelana prefere esperar a aplicação da Carta a dialogar.

Mas o cancelamento foi reprovado em votação e Almagro pôde fazer sua apresentação. Citando trechos do relatório divulgado no mês passado, ele justificou a evocação da Carta Democrática por considerar que há na Venezuela sinais claros de uma "grave alteração da ordem constitucional".

"O Conselho Permanente deve tomar as medidas necessárias para atender à crise humanitária sem precedentes e desnecessária que a Venezuela sofre", pediu Almagro.


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