Folha de S. Paulo


Farc dizem não haver condições de assinar acordo de paz até o dia 23

A liderança das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) afirmou nesta quinta-feira (10) que "não há condições" de o acordo de paz com o governo da Colômbia ser assinado no dia 23, como inicialmente previsto, e anunciou sua disposição em marcar uma nova data.

Na quarta, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, já havia dito que não vai fechar um acordo ruim "só para cumprir o prazo".

"Depois de tanto esforço, de tanto tempo, se não tivermos um bom acordo no dia 23, direi à outra parte [Farc]: vamos estabelecer uma outra data, não vão cumprir a data com um mau acordo", afirmou Santos.

Yamil Lage/AFP
Joaquín Gomez, representante das Farc em diálogo de paz anuncia, em Havana, que data pode ser adiada
Joaquín Gomez, representante das Farc em diálogo de paz anuncia, em Havana, que data será adiada

De Havana, onde está sendo discutido o plano de paz, o negociador das Farc Joaquín Gómez disse não haver condições de fechar o acordo nas próximas duas semanas. "Estamos de acordo em estabelecer uma outra data de forma consensual", declarou.

"Nos parece que o presidente Santos tem atuado com objetividade. Concordamos com o que foi dito por ele e pensamos que sim, depois do dia 23 pode haver um acordo", disse Gómez a jornalistas.

Em fevereiro, o general colombiano Óscar Naranjo, um dos representantes do governo colombiano nas negociações, já havia dito em entrevista à Folha, que o prazo do dia 23 poderia não ser cumprido.

As duas partes, sob a mediação de Cuba e Noruega, já chegaram a um acordo em quatro dos cinco pontos do processo: reforma agrária, luta contra o narcotráfico, participação política dos guerrilheiros, e justiça e reparação às vítimas.

O último ponto –e um dos mais difíceis– é sobre o cessar-fogo bilateral e definitivo e o desarmamento das Farc.

No fim de janeiro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a criação de uma missão de observação do cessar-fogo, composta por países da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe), como pedido pelas Farc e por Bogotá.


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