Folha de S. Paulo


Grupo de homens armados invade sede de reserva nos EUA em protesto

Um grupo de homens armados invadiu neste sábado (2) a sede de uma reserva federal no Estado do Oregon como parte de um protesto em apoio a dois fazendeiros condenados à prisão por causar um incêndio.

O prédio, que é propriedade do governo federal, estava vazio por conta do feriado de fim de ano.

A ocupação ocorreu após um protesto nas ruas da cidade de Burns, a cerca de 80 km da reserva, que, segundo relatos de moradores, reuniu cerca de 300 pessoas.

Ammon Bundy, 40, disse ao jornal local "The Oregonian" que ele e dois se seus irmãos estão entre as pessoas ocupando a sede da reserva florestal Malheur National Wildlife Refuge.

Ele não quis dizer exatamente quantos fazem parte do grupo ou que tipo de armas portam para não prejudicar " a segurança operacional" da ação. Segundo a agência de notícias Reuters, cerca de 150 pessoas estão na sede do parque.

A ocupação é em apoio a Dwight Hammond, 73, e Steven Hammond, 46. Os dois foram condenados em 2002 a três meses e um ano de prisão, respectivamente, por um incêndio que queimou 130 acres no ano anterior. Eles alegaram que o fogo era para reduzir o crescimento de plantas invasivas e proteger suas propriedades de incêndios florestais.

Um juiz determinou que as penas eram muito curtas em relação ao estipulado pela lei federal e ordenou que fossem estendidas para quatro anos cada uma. A decisão gerou controvérsia entre os grupos de extrema direita que veem o governo americano como muito invasivo e não reconhecem a sua autoridade.

Dwight disse que ele e seu filho planejam se entregar pacificamente para o cumprimento das penas nesta segunda-feira (4), como ordenado pelo juiz.

Bundy e um grupo de aliados de outros Estados chegou no mês passado a Burns, a cerca de cem quilômetros do rancho de Hammond.

Ele publicou um vídeo no Facebook criticando o julgamento dos fazendeiros e convocando outros homens a se unir ao protesto armado. "Todos os patriotas, é hora de se levantar e não ficar parado. Nós precisamos de sua ajuda. Venha preparado", dizia a descrição do vídeo em seu perfil.

Em entrevista a jornalistas na noite deste sábado, ele afirmou que as pessoas já sofreram abuso demais e que a condenação aos Hammonds é punição por se recusarem a venderem suas terras.

"Eu sinto que estamos em uma situação na qual, se não fizermos algo, se não nos defendermos, estaremos em uma posição na qual não poderemos mais fazê-lo", disse Bundy, acrescentando que o grupo pretende permanecer no prédio por tempo indeterminado. "Nós pretendemos ficar aqui por anos."

Já em entrevista à CNN neste domingo, Bundy disse que a invasão visa a forçar o governo federal a restaurar "os direitos constitucionais das pessoas".

"Esta reserva tem sido destrutiva para as pessoas do condado e para as pessoas da área", disse Bundy à CNN, acrescentando que o espaço destinado ao parque tomou espaço de cem ranchos desde o século 19. "Eles continuam expandindo o refúgio a custa dos rancheiros e dos mineiros."

Bundy é filho do fazendeiro de Nevada Cliven Bundy. Em abril de 2014, ele fez um protesto armado no rancho da família quando as autoridades ameaçaram pegar seu gado como pagamento por impostos de uso de terra que Cliven se recusava a pagar.

Cliven disse no sábado não ter qualquer envolvimento com a ação na reserva florestal do Oregon.

Dave Ward, xerife do Condado de Harney, onde fica Burns, pediu que os moradores permaneçam longe do prédio enquanto as autoridades tentam resolver o impasse.

"Um esforço coletivo de múltiplas agências está sob andamento. Por favor, mantenham uma frente pacífica e unida e nos permitam resolver a situação", disse o xerife, em comunicado.


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