Folha de S. Paulo


Muhammad Ali defende muçulmanos em reação a proposta de Trump

O ex-campeão mundial de boxe Muhammad Ali, um dos muçulmanos mais conhecidos, se juntou à onda de críticas a Donald Trump após o pré-candidato republicano à Casa Branca propor que os Estados Unidos barrem a entrada de muçulmanos.

"Enquanto muçulmanos, nós devemos nos levantar contra aqueles que usam o islã em proveito de sua agenda pessoal", disse Ali, sem citar Trump diretamente, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (10) dirigido a "candidatos presidenciais que propõem a proibição da imigração de muçulmanos nos EUA".

Ali também criticou o terrorismo islâmico. "Sou muçulmano, e não há nada islâmico em matar pessoas inocentes em Paris, San Bernadino, ou em qualquer outro lugar do mundo", afirmou o esportista, referindo-se a ataques ocorridos recentemente. "Verdadeiros muçulmanos sabem que a violência cruel dos chamados jihadistas islâmicos vai contra os próprios fundamentos de nossa religião."

"Eu acredito que nossos líderes políticos deveriam usar sua posição para promover o entendimento sobre a religião do islã e esclarecer que esses assassinos desviados perverteram a imagem que as pessoas têm sobre o que o islã realmente é", acrescentou.

Depois da divulgação do comunicado, um porta-voz do pugilista, Robert Gunnell, disse que a mensagem "não era uma resposta direta a Donald Trump", mas um chamado de Ali a muçulmanos contra interpretações extremistas do islã.

Trump encontrou Ali o algumas vezes, e em 2007 recebeu de suas mãos o prêmio Muhammad Ali.

O campeão peso-pesado converteu-se ao islã em 1965 e mudou seu nome de Cassius Clay para Muhammad Ali.

CRÍTICAS

A declaração de Ali vem depois de o presidente Barack Obama criticar a discriminação, dizendo no domingo (6) que "os norte-americanos muçulmanos são nossos amigos e vizinhos, nossos colegas de trabalho, heróis do nosso esporte".

Trump reagiu no Twitter ao pronunciamento do presidente: "Obama afirmou em seu discurso que muçulmanos são heróis em nossos esportes. Que esportes? Quem?".

O posicionamento de Trump contra a entrada de muçulmanos gerou críticas de outros presidenciáveis e de seu próprio partido. O magnata é líder nas intenções de voto entre eleitores republicanos.

Nesta quarta-feira (9), em entrevista concedida à emissora CNN, Trump reagiu às críticas contra ele, dizendo que é "a pessoa menos racista" que seu entrevistador jamais conheceria e que "está fazendo o bem para os muçulmanos" ao propor o veto a sua entrada no país.

"Muitos muçulmanos amigos meus concordam comigo", acrescentou o presidenciável "Uma das pessoas mais poderosas do Oriente Médio me telefonou para dizer, 'Donald, você está fazendo a coisa certa'."


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