Folha de S. Paulo


Ataques na Nigéria matam ao menos 45 em dois dias

Duas jovens terroristas, uma delas com apenas 11 anos, mataram 15 pessoas em um atentado suicida em um mercado de celulares em Kano, centro urbano do norte da Nigéria, informou nesta quarta-feira (18) a polícia local. Ao menos 53 pessoas ficaram feridas.

Na terça-feira (17), mais de 30 pessoas morreram e 80 ficaram feridas na explosão de uma bomba na cidade de Yola, que fica no nordeste nigeriano –área em que o grupo radical islâmico Boko Haram é bastante ativo.

Reuters
Mercado de frutas e vegetais em Yola, na Nigéria, atingido pelo ataque que matou ao menos 30 na terça
Mercado de frutas e vegetais em Yola, na Nigéria, atingido pelo ataque que matou ao menos 30 na terça

O porta-voz da polícia, Musa Magaji Majia, disse que as duas terroristas de Kano se explodiram no interior e na entrada do Farm Centre Market. Segundo dois comerciantes do mercado, Nafiu Mohamed e Suleiman Haruna, a explosão ocorreu pouco após as 16h (13h de Brasília).

Majia acrescentou que a outra terrorista tinha 18 anos, e as duas chegaram ao mercado de celulares em um micro-ônibus, "ambas usando o hijab [véu islâmico que cobre a cabeça]".

"Uma delas se dirigiu ao interior do mercado e a outra ficou no exterior. Então, se fizeram explodir. As vítimas foram levadas ao hospital e, pouco mais tarde, tivemos a confirmação de um balanço de 15 mortos, sem contar as suicidas", acrescentou o porta-voz.

Alguns dos 53 feridos, de acordo com a polícia, foram atendidos no hospital da cidade e liberados. Os policiais bloquearam os acessos à cidade para tentar encontrar o micro-ônibus que transportou as terroristas.

As explosões de terça em Yola aconteceram poucos dias depois de o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, ter anunciado na própria cidade que o fim do Boko Haram "estava próximo".

O grupo radical islâmico recorre com frequência a mulheres suicidas, usando inclusive menores de idade. Os chefes geralmente têm o controle da explosão da carga que transportam, que ativam à distância por meio de celulares.

"Os atentados suicidas são cotidianos" no norte e no nordeste da Nigéria (...). São sobretudo mulheres e meninas que 'vingam', assim, a morte de seus maridos ou pais em confrontos com o Exército nigeriano", explicou à agência de notícias AFP um especialista francês.

Há também a possibilidade de que mulheres feitas reféns pelo grupo venham sendo obrigadas a se explodir.

Desde 2009, a insurgência do Boko Haram, cujo nome significa "a educação ocidental é proibida", e a sua repressão pelas forças de segurança já deixaram mais de 13 mil mortos na Nigéria.

Em março deste ano, o líder do grupo jurou fidelidade ao Estado Islâmico, que reivindicou os ataques recentes a Paris –que mataram pelo menos 129– e a queda do avião russo no Sinai, no final de outubro, que matou as 224 pessoas a bordo.


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