Folha de S. Paulo


Turquia vê fracasso em resposta a crise migratória

Na Turquia, há cidades com mais sírios do que turcos. Cerca de 66 mil bebês nasceram no país nos últimos anos, e centenas de milhares de crianças demandam vagas nas escolas.

São 2 milhões de refugiados que tentam recomeçar a vida no país vizinho, num processo que custaria US$ 7,5 bilhões, mas que arrecadou, até agora, 5% do total.

A situação foi exposta pelo premiê turco, Ahmet Davutoglu, em reunião sobre o tema na Assembleia-Geral da ONU, nesta quarta-feira (30).

"Abraçamos os sírios como nossos parentes e abrimos portas e corações, a despeito de fracassos internacionais para solucionar a crise", declarou Davutoglu.

Países "inundados" pela crise de refugiados relatam números crescentes e cobram uma resposta mais coordenada de países desenvolvidos.

A chanceler da Croácia, Vesna Pusic, disse que 85 mil pessoas chegaram ao país nas últimas duas semanas. Em picos, são 15 mil por hora.

"O problema não é a migração, que é positiva, mas a luta pela sobrevivência", afirmou. Para a ministra, cotas não resolvem: é preciso "focar em como parar a guerra na Síria, e tem de ser neste ano".

A Hungria sugeriu um limite de refugiados por país -na terça, 6.600 pessoas chegaram da Croácia. O chanceler húngaro, Peter Szijjarto, declarou ser injusto que a Europa receba tantos refugiados.

Os EUA lavaram as mãos na reunião, com a fala da embaixadora na ONU Samantha Power: "Precisamos de novos países, que não têm a tradição de acolher imigrantes, que o façam", afirmou ela.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, cobrou maior colaboração da comunidade internacional, inclusive financeira.

E o vice-premiê da Sérvia, Ivica Dacic, também disse que seu país não pode resolver o problema sozinho.


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