Folha de S. Paulo


Maduro pede que o mundo 'fique atento' às eleições na Venezuela

Diante da possibilidade de perder a maioria no Legislativo pela primeira vez em 16 anos de chavismo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, atentou para o que considera um "risco de violentar a vida política do país" nas eleições parlamentares de dezembro.

Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (29), ele pediu "ao mundo que fique muito atento" e prometeu lisura no processo eleitoral.

"Tudo está preparado para que o sistema eleitoral venezuelano, que, de acordo com o ex-presidente [americano Jimmy] Carter, é o sistema eleitoral mais transparente e completo que ele conhece no mundo, permita que se expresse a vontade do nosso povo", discursou Maduro.

Li Muzi/Xinhua
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

Em junho, sem alarde, o Centro Carter, respeitado organismo de monitoramento eleitoral, encerrou as atividades em Caracas, a despeito da pressão de opositores por uma supervisão independente para evitar fraudes em dezembro. O centro não deu explicações, mas fontes criticaram a pouca colaboração do governo venezuelano com suas atividades.

Maduro disse que a Venezuela demonstrará sua "vocação democrática e pacífica" nas eleições parlamentares. Governo e oposição vivem tensões que culminaram com a prisão do líder antichavista Leopoldo López, condenado a 13 anos e nove meses de prisão por supostamente incitar protestos violentos.

Em julho, o presidente venezuelano havia descartado a presença de observadores internacionais no pleito: "Não o aceitaremos jamais".

Em setembro, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano anunciou a presença de representantes da Unasul, bloco político sul-americano, na votação –o que não contentou os oposicionistas do país.

COLÔMBIA E EUA

Na ONU, o presidente venezuelano também citou a crise na fronteira com a Colômbia, gerada após a deportação de cidadãos do país vizinho. Segundo Maduro, uma operação "pretende fomentar conflitos nas fronteiras".

"Com o presidente Juan Manuel Santos, definimos um caminho para afastar as provocações, as ameaças e os ataques paramilitares e narcotraficantes contra a Venezuela e estamos fazendo isso", afirmou.

Maduro também criticou a decisão dos EUA, em março, de considerar a Venezuela uma "ameaça". "O decreto deve ser anulado, porque ameaça a minha pátria, ameaça o nosso pais", reclamou o mandatário venezuelano.

O presidente americano, Barack Obama, expediu o ato argumentando com preocupações da Casa Branca sobre o tratamento dispensado a opositores no país latino-americano.


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