Folha de S. Paulo


Protesto de judeus etíopes em Tel Aviv termina em conflito

Uma manifestação anti-racismo promovida por judeus etíopes no centro da capital de Israel, Tel Aviv, neste domingo (3) terminou em um conflito com a cavalaria que resultou em mais de 50 feridos –46 policiais e sete manifestantes, segundo a polícia– e 26 participantes do protesto presos.

O estopim do ato, que segundo fontes policiais reuniu ao menos 3.000 pessoas, foi a divulgação, na última semana, do vídeo de uma câmera de circuito fechado que mostrou policiais espancando um soldado negro de origem etíope.

Dois policiais foram suspensos e estão sendo investigados por uso excessivo da força.

Baz Ratner/Reuters
Manifestante judeu de origem etíope é carregado por policiais durante protesto em Tel Aviv
Manifestante judeu de origem etíope é carregado por policiais durante o protesto em Tel Aviv (Israel)

Os participantes do protesto viraram um carro policial e atiraram pedras e garrafas contra integrantes da tropa de choque da polícia israelense que estavam na praça Rabin, no coração da cidade.

Os policiais usaram canhões d'água e bombas de efeito moral para dispersar a manifestação. Segundo a TV de Israel, também foram empregadas bombas de gás lacrimogêneo, informação que a polícia não confirmou.

"Chega desse comportamento da polícia. Não confio mais neles. Quando vejo um policial, eu cuspo no chão", declarou uma manifestante, que não se identificou, ao Canal 2 de Israel antes da intervenção da polícia montada.

"Nossos pais foram humilhados por anos. Nós não estamos dispostos a esperar mais tempo para ser reconhecidos como cidadãos iguais", afirmou outro dos participantes do protesto ao Canal 10.

Dezenas de milhares de judeus etíopes foram levados a Israel em operações secretas nas décadas de 80 e 90, batizadas de "Operação Moisés" e "Operação Salomão", para resgatá-los da fome e da instabilidade política na África.

A comunidade etíope –cerca de 135 mil dos mais de 8 milhões de habitantes do país– queixa-se de discriminação e pobreza, agravadas por episódios de brutalidade policial como o registrado no vídeo.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu calma e prometeu conversar com o soldado espancado e com ativistas etíopes nesta segunda-feira (4).

"Todas as reclamações serão ouvidas, mas não há justificativa para o uso da violência", disse Netanyahu.


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