Folha de S. Paulo


Iêmen é disputado por dois grupos religiosos radicais

A situação geopolítica do Iêmen se agravou nesta semana com uma onda de ataques em mesquitas na capital, Sanaa, e um atentado contra o presidente Abdo Rabu Mansur Hadi.

Desde a insurreição popular decorrente da Primavera Árabe e a queda do presidente Ali Abdullah Saleh, em 2012, o governo central iemenita tem sido alvo de ataques de dois grupos militares religiosos.

HOUTHIS

O primeiro, formado pelos houthis e chamado Ansar Allah ("Seguidores de Allah", em português), vem recrutando novos membros dentro da comunidade zaidita, ramo do xiismo que representa um terço da população do Iêmen.

O grupo, presente principalmente na região norte, age sob inspiração do Hizbollah libanês e, suspeita-se, vem recebendo apoio do Irã.

Em 6 de fevereiro, os houthis tomaram a capital do Iêmen, onde mantiveram o presidente sob prisão domiciliar, até ele fugir para a cidade de Áden, no sul do país.

Os houthis são liderados por Abdel Malek al-Houthi. Ele teria como objetivo restaurar um regime monárquico dirigido por imãs, que foi abolido em 1962.

AL QAEDA

Outro movimento presente no Iêmen é o da Al Qaeda da Península Arábica (AQAP, na sigla em inglês), fusão das redes sauditas e iemenitas da facção terrorista.

A milícia, que é sunita, reivindicou o atentado à redação do jornal satírico "Charlie Hebdo", em 7 de janeiro. Os autores do ataque, Chérif e Said Kouachi, pertenciam à AQAP. Said, inclusive, foi treinado pela organização no Iêmen em 2011, segundo informações da inteligência dos EUA.

Um dos líderes da AQAP era Anwar al-Awlaki, cidadão americano que se radicalizou no Iêmen e se tornou um ideólogo para vários extremistas. Al-Awlaki foi morto em 2011 por um ataque de um drone (avião não tripulado dos Estados Unidos).

A ONU enviou um emissário ao país, Jamal Benomar, para ajudar a solucionar a crise interna. No entanto, os esforços não tiveram resultado, e o Iêmen parece estar prestes a entrar em guerra civil.


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