Folha de S. Paulo


Paulistano que fez doação a campanha de partido aguarda pleito em Israel

Quando os primeiros resultados das eleições desta terça-feira (17) começarem a ser divulgados, no fim do dia, o paulista Dan Friedlander, 33, acompanhará as notícias como as de um pleito do qual ele tivesse participado.

Apesar de não votar em Israel e não ter a cidadania do país, Friedlander doou US$ 1.000 (R$ 2.900) para as primárias do partido Likud, que as pesquisas colocam como segunda maior força política do próximo Parlamento.

A doação, permitida por lei, foi à campanha do Manhigut Yehidut, facção de Moshe Feiglin dentro do partido de direita. Após desavenças internas, porém, Feiglin não é candidato deste pleito, apesar de ainda ser uma figura de peso político no país.

Jack Guez/AFP
Em Tel Aviv, outdoor eletrônico mostra os rostos de Isaac Herzog (esq.) e Binyamin Netanyahu
Em Tel Aviv, outdoor eletrônico mostra os rostos dos candidatos a primeiro-ministro em Israel

"Eu me identifico com muitos de seus ideais, principalmente o liberal, e com sua luta a favor dos direitos individuais", diz Friedlander à Folha. "Bem como com sua coerência a seus valores morais e religiosos."

Friedlander, administrador de empresas, é membro da comunidade judaica paulista. Ele viaja a Israel a passeio e para visitar familiares -um de seus antepassados migrou para Israel no século 19, da Polônia.

É a primeira doação do paulista a uma campanha política, com a qual ele espera demonstrar "a mudança que queremos no mundo". Ele descarta as denominações de "esquerda" e "direita" no país e diz ter escolhido Feiglin por ser "o único candidato liberal de Israel".

"Minha impressão é de que, em Israel, [o espectro político] é pautado pela forma de relacionamento com os vizinhos árabes, e não pelo ideário econômico e moral."

Feiglin, com uma longa carreira política em Israel, foi um dos líderes da oposição aos acordos de Oslo, em 1993, entre israelenses e palestinos.

Quando doou seu dinheiro à campanha, Friedlander sabia que as chances de que Feiglin fosse eleito eram baixas. "Mas sua bandeira traz à tona discussões importantes ao âmbito nacional israelense e força a população a ponderar sobre elas, aumentando a qualidade e a diversidade no debate."


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