Folha de S. Paulo


Novo primeiro-ministro Haiti diz que trabalhará com todos os grupos políticos

O novo primeiro-ministro do Haiti, Evans Paul, que assumiu o cargo na noite desta sexta-feira, garantiu que vai trabalhar com todos os atores políticos do país para a realização de eleições democráticas e que vai cooperar com o presidente Michel Martelly para resolver a crise política no país.

Em seu discurso de posse, Paul afirmou que se esforçará para criar as "condições adequadas" para que as eleições aconteçam no país antes do fim deste ano.

Além disso, declarou que é um "servidor público cuja missão é servir à democracia e aos haitianos".

Paul, de 59 anos, é líder do partido Convênio pela Unidade Democrática (CUD), foi prefeito de Porto Príncipe em 1990 e concorreu à presidência da nação caribenha em 2006, mas não obteve sucesso. Além disso, o premiê era um aliado do ex-presidente haitiano Jean Bertrand Aristide.

Antes da posse, Martelly anunciou que formará um governo de consenso nas próximas 48 horas, à frente do qual estará Paul.

Em mensagem dirigida à nação, Martelly, que estava acompanhado por diplomatas e líderes de vários partidos políticos, se mostrou convencido que a "atual fragilidade das instituições não deve, nem pode, perdurar".

"É urgente. Devemos corrigir essas deficiências o mais rápido possível porque o principal perdedor nesta crise continua sendo o povo haitiano", disse.

Martelly fez um pronunciamento à nação no mesmo dia em que milhares de manifestantes saíram às ruas da capital para pedir sua renúncia e anunciaram mais protestos para amanhã e para a semana que vem.

O presidente recebeu hoje o apoio dos Estados Unidos, que enalteceu as "concessões" feitas por Martelly em prol do consenso para encerrar a crise no país caribenho.

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, conversou por telefone com Martelly nesta sexta-feira e também expressou sua "decepção" pelo fato de o parlamento haitiano não ter aprovado as mudanças na lei eleitoral antes do prazo limite, o dia 12 de janeiro, informou a Casa Branca em comunicado.

"O vice-presidente reiterou o apoio dos Estados Unidos e da comunidade internacional ao esforço de Martelly para organizar eleições este ano que permitam aos haitianos exercer o direito democrático de escolher seus representantes", acrescentou a nota.

MARCHA CONTRA O PRESIDENTE

Milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira de uma passeata pacífica em Porto Príncipe para exigir a renúncia do presidente do Haiti, Michel Martelly, e a convocação de eleições.

O protesto pela grave situação política, acentuada pela dissolução do parlamento na terça-feira, percorreu os bairros mais pobres da cidade em direção ao Palácio Nacional. Muitos manifestantes carregavam fotos do ex-presidente Jean Bertrand Aristide.

A oposição vem realizando uma série de manifestações e já afirmou que manterá os protestos até abandonar o poder. Neste sábado será realizada uma nova marcha, e na semana que vem as mobilizações continuarão.

Os manifestantes criticaram a embaixadora dos Estados Unidos no Haiti, Pamela White, por considerá-la "cúmplice de Martelly no estabelecimento de uma ditadura".

Segundo algumas testemunhas, o número de manifestantes foi diminuindo ao longo da marcha devido à ação das forças de segurança que, finalmente, dispersaram a marcha, que não pôde terminar o percurso previsto.


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