Folha de S. Paulo


Iraniana condenada por tentar ver jogo de vôlei faz greve de fome

A iraniana, que também tem nacionalidade britânica, condenada à prisão em Teerã por tentar assistir a uma partida de vôlei masculino no país iniciou uma greve de fome, anunciou seu irmão à agência francesa AFP.

Ghoncheh Ghavami, 25, foi detida em 20 de junho em um ginásio de Teerã. Ela fazia parte de um grupo de mulheres que tentava assistir a uma partida da Liga Mundial de vôlei entre Itália e Irã.

A jovem, formada em direito em Londres, protesta contra o que considera uma "detenção ilegal", afirmou sua mãe ao canal britânico BBC.

"Ela está em greve de fome desde sábado (30)", afirmou o irmão da condenada, Iman Ghavami.

A jovem, que aguarda a ratificação da pena, fez uma greve de fome de duas semanas em outubro para protestar contra a detenção.

Todas as mulheres foram impedidas de assistir à partida no ginásio Azadi de Teerã, incluindo as jornalistas credenciadas. Desde 2012, o país proíbe que mulheres assistam aos jogos de vôlei.

Embora o advogado tenha indícios de que a pena seja de um ano, o procurador-geral ainda não confirmou a sentença de Ghavami.

A jovem foi acusada de fazer propaganda contra o regime, um argumento muito utilizado pela justiça iraniana para determinar prisões.

FEDERAÇÃO DE VÔLEI

No dia 1º deste mês, no encerramento do 34º Congresso da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), em Cagliari (Itália), os representantes dos países afiliados à FIVB aplaudiram de pé uma moção em apoio à iraniana.

Em carta escrita ao presidente do Irã, Hasan Rowhani, o presidente da federação, o brasileiro Ary Graça Filho, pede a libertação da iraniana.

Graça Filho lembrou aos representantes o compromisso da FIVB para a inclusão das mulheres e o direito de elas participarem desse esporte em igualdade de condições, como prega a Carta Olímpica.

"Estou certo de que você [Rowhani] vai se juntar a mim hoje para garantir o desejo da FIVB de que Ghoncheh Ghavami seja liberada imediatamente e que as mulheres de todo o mundo sejam autorizadas a assistir e a participar do voleibol em pé de igualdade."

O Congresso da FIVB aprovou a atitude por unanimidade.

Em entrevista ao canal SporTV, Graça Filho disse que ainda não recebeu resposta do governo do Irã.

"Estamos fazendo contato com a Federação Iraniana de Vôlei para continuarmos. Para nós, fica muito difícil fazer eventos no Irã, porque fica comprometida a inclusão. Não entra na nossa cabeça a exclusão de mulheres. Estamos em contato com a federação para que eles mudem o procedimento", afirmou.


Endereço da página: