Folha de S. Paulo


Chanceler sírio critica atuação dos EUA contra o Estado Islâmico

Apesar de tentar posicionar a Síria ao lado da coalizão norte-americana de combate ao terrorismo, o ministro do Exterior do país, Walid al-Moualem, criticou nesta segunda-feira (29) a estratégia dos Estados Unidos de treinar rebeldes sírios (opositores ao regime do ditador Bashar al-Assad) para combater o Estado Islâmico.

Em discurso na Assembleia Geral da ONU, ele afirmou que a política norte-americana de atacar militantes na Síria enquanto fornece dinheiro, armas e treinamento para outros é uma receita para mais violência e terrorismo.

"Esse comportamento cria terreno fértil para o crescimento destes grupos terroristas que cometem os crimes mais hediondos em território sírio", disse.

Moualem ressaltou o apoio sírio no combate ao terrorismo, mas pediu que a soberania dos países seja respeitada.

"A Síria reitera que está ao lado de qualquer esforço internacional que pretenda combater o terrorismo e ressalta que isso deve ser feito respeitando a vida de civis inocentes, a soberania nacional e em conformidade com as convenções internacionais", disse.

"O que estamos testemunhando nos últimos meses é muito mais perigoso do que as crises políticas e econômicas do mundo. O terrorismo não tem fronteiras, não reconhece nada a não ser a si mesmo", disse.

"Todos são testemunhas do que o Estado Islâmico está fazendo. Eles são a mais perigosa facção terrorista em termos de financiamento e brutalidade. Não chegou a hora de todos nós nos unirmos? Não é hora de admitir que o EI e a Frente Al-Nusra não vão se limitar ao Iraque e à Síria, mas vão querer ocupar todos os lugares, começando por Europa e EUA?"

Para ele, os ataques aéreos perpetrados pelos Estados Unidos nos últimos dias não serão suficientes para destruir os grupos terroristas em ação na Síria. Moualem ressaltou que é preciso pressionar países da região para que cortem seu apoio a essas facções.

ASSAD

O chanceler sírio insistiu, em seu discurso, que o regime de Assad é o único representante do povo sírio, já que o ditador foi eleito em junho com 89% dos votos, números amplamente questionados pelos governos de outros países.

"Aqueles que buscam uma solução política na Síria devem primeiro respeitar a vontade do povo sírio", disse.


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