Folha de S. Paulo


Jovem morto pela polícia nos EUA levou seis tiros, mostra autópsia privada

O adolescente negro que foi morto pela polícia em Ferguson, no Missouri (EUA), foi baleado pelo menos seis vezes, conforme mostra a uma autópsia privada feita à pedido da família.

Michael Brown, 18, levou dois tiros na cabeça e quatro no braço direito.

Os tiros no braço atingiram Brown pela frente e os dois na cabeça foram os últimos, segundo concluiu a autópsia.

A autópsia foi realizada no domingo (17) pelo médico Michael M. Baden, ex-examinador-chefe da cidade de Nova York.

Segundo Baden, somente três balas foram retiradas foram retiradas do corpo.

Uma das balas entrou no topo do crânio do adolescente, sugerindo que sua cabeça estava inclinada para frente –essa deve ter sido a última bala disparada.

Algumas balas provocaram ferimentos múltiplos, como uma que passou pelo rosto, saiu pela mandíbula e voltou a entrar pela clavícula, segundo a autópsia.

A polícia não deu detalhes sobre o momento em que o jovem foi baleado. Segundo sua versão, Brown teria resistido à prisão e, ao confrontar a polícia, acabou morto e um policial ficou ferido. Porém, testemunhas dizem que o adolescente estava com as mãos para o alto quando o policial disparou.

A autópsia feita pelas autoridades locais não teve os resultados divulgados.

Além da investigação local, o FBI também examina o caso.

O procurador-geral dos EUA, Eric H. Holder Jr., disse no domingo que o Departamento de Justiça iria conduzir a sua própria autópsia devido às "circunstâncias extraordinárias envolvidos neste caso e a pedido da família de Brown".

PROTESTOS

Protestos tomaram conta da cidade desde que o policial Darren Wilson, 28, baleou e matou Brown no início da tarde do dia 9 de agosto.

Uma pessoa foi baleada e está em estado crítico e outras sete foram presas durante tumultos na noite de sábado (16) em Ferguson.

Autoridades da cidade haviam imposto um toque de recolher, mas cerca de 200 pessoas não obedeceram e protestaram na madrugada de sábado para domingo.

As tensões estiveram altas pela semana inteira, mas ganharam força na noite de sexta (15), quando a polícia local divulgou um relatório afirmando que Brown era suspeito de um roubo ocorrido minutos antes de sua morte.

O governador do Missouri, Jay Nixon, ordenou nesta segunda-feira (18) a mobilização da Guarda Nacional para ajudar a polícia a restabelecer a ordem na cidade.

Na quinta (14), o presidente Barack Obama pediu o fim da violência no Missouri e exigiu transparência nas investigações do caso.


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