Folha de S. Paulo


Conflitos no Missouri resultam em sete pessoas presas e um ferido

Pelo menos uma pessoa ficou ferida e outras sete foram presas durante tumultos que se repetiram na noite de sábado (16) em Ferguson, no Missouri (EUA), onde dezenas de pessoas desafiaram o toque de recolher imposto pelas autoridades, informa a imprensa local.

A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar dezenas de manifestantes na cidade americana, onde o adolescente negro Michael Brown foi morto por um policial no último sábado (9), supostamente desarmado, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

De acordo com a imprensa local, o Missouri State Highway Patrol confirmou que sete pessoas foram presas e um homem foi baleado no local do protesto e estava em estado grave.

A polícia disse que foi forçada a lançar gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.

O chefe da operação, o capitão Ron Johnson, disse que uma pessoa ficou gravemente ferida depois de ser atingida por uma bala. Segundo ele, o atirador está sendo procurado. Ele disse ainda que alguém atirou contra o carro da patrulha, mas nenhum policial ficou ferido.

Ele defendeu a estratégia de resposta de seu departamento, que foi colocada em prática da meia-noite até 5h da manhã (horário local).

Os novos protestos aconteceram após o governador do Estado do Missouri, Jay Nixon, declarar estado de emergência e ordenar toque de recolher em Ferguson.

O toque de recolher entrou em vigor à meia-noite (horário local) e seguiu até 5h da manhã, segundo especificaram autoridades locais em uma coletiva de imprensa conjunta com o governador, que viajou para a cidade.

FORASTEIROS?

Após o anúncio, Nixon disse que embora muitos manifestantes sejam pacíficos, o Estado não pode permitir que saqueadores coloquem a comunidade em perigo.

"Precisamos primeiro ter e manter a paz. Este é um teste. Os olhos do mundo estão assistindo", disse. "Não podemos permitir que a má vontade dos poucos mine a boa vontade de muitos."

Preocupado, Darrell Alexander, 57, acredita que o toque de recolher possa estimular mais raiva e violência.

"Eu acho que é uma decisão antagônica não permitir que as pessoas exprimam sua liberdade de expressão. É uma reação exagerada ", disse.

No sábado, alguns moradores disseram desconfiar que os atos de violência estejam sendo cometidos por pessoas de outros estados ou subúrbios.

"Quem iria queimar seu próprio quintal", perguntou Rebecca McCloud. "Essas pessoas não são daqui. Eles chegaram a queimar nossa cidade e ir embora. "

DIREITOS HUMANOS

Dois representantes da organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) vão a Ferguson hoje para estudar a resposta das forças de segurança aos protestos.

Alba Morales, investigadora criminal, e Natalie Kato, integrante da HRW, pretendem se reunir com membros da comunidade, autoridades locais e do estado de Missouri, para documentar os acontecimentos recentes, informou a organização em um comunicado.

A HRW exigirá uma investigação "crível, imparcial e transparente" sobre a morte de Brown e estudará eventuais necessidades de reformas policiais locais e estatais.

Os representantes HWR, que estarão em Ferguson até terça-feira (19), supervisionarão a marcha organizada pela Rede de Ação Nacional (National Action Network) e a família do jovem neste domingo.

O procurador geral dos EUA, Eric Holder, solicitou às autoridades federais, também neste domingo, que um médico legista federal faça uma autópsia no corpo de Brown o mais rápido possível em função das "circunstâncias extraordinárias envolvidas no caso e, a pedido da família Brown", disse o porta-voz Brian Fallon.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos também aprofundou sua investigação a cerca de direitos civis, como Johnson disse que 40 agentes do FBI estavam indo de porta em porta para colher informações na vizinhança.

Os protestos contra a morte do jovem Michael Brown, 18, começaram no último domingo (10) em Ferguson, quando foram registrados saques, incêndios e confrontos com a polícia, o que têm se repetido ao longo da semana.


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