Folha de S. Paulo


Kerry pede governo de unidade no Iraque e descarta envio de tropas

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta terça-feira (12) ao novo primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, a rápida formação de um governo de unidade nacional e descartou o envio de tropas americanas ao Iraque.

"Apelamos pela formação de um novo governo o mais rápido possível. O governo dos Estados Unidos está disposto a apoiar um novo governo de união nacional, especialmente na luta contra o Estado Islâmico (EI)", disse o chefe da diplomacia americana a respeito da organização radical sunita que desde junho conquistou grande parte do país.

Os Estados Unidos consideram reforçar seu apoio militar, econômico e político ao Iraque uma vez um novo governo inclusivo seja formado, disse Kerry.

"Vamos esperar e ver quais são as solicitações futuras desse novo governo aos EUA e vamos considerar o apoio com base nesses pedidos", disse o secretário de Defesa, Chuck Hagel.

Washington respaldou a nomeação de Abadi no lugar de Nuri al-Maliki, questionado há vários meses por uma política considerada favorável aos xiitas, o que teria inflamado as divisões étnicas no Iraque. Maliki, contudo, ameaça não deixar o poder, gerando uma crise política no país.

"A melhor coisa para a estabilidade no Iraque é um governo inclusivo, para trazer as partes descontentes à mesa e trabalhar com elas, garantindo que há o tipo de partilha de poder e tomada de decisões com o qual as pessoas se sintam confiantes de que o governo representa todos de seus interesses ", disse Kerry durante uma visita à Austrália.

Durante a entrevista, Kerry também afirmou que os governos dos Estados Unidos e da Austrália levarão para a ONU a ameaça representada pelos radicais islamitas estrangeiros que combatem na Síria, Iraque e em outros lugares do mundo.

AJUDA MILITAR

Nos primeiros ataques aéreos no Iraque desde que as forças americanas se retiraram do país em 2011, aviões de guerra norte-americanos bombardearam combatentes Estado islâmico para deter o avanço dos militantes. Os combatentes radicais agora ameaçama a capital da região autônoma curda do Iraque, Irbil.

A aviação militar americana executou bombardeios contra posições do EI na região norte do Iraque, mas o país descarta o envio de tropas, segundo Kerry.

"Não voltaremos a enviar forças de combate ao Iraque. Este é um combate no qual devem entrar os iraquianos, em nome do Iraque", disse.

APOIO

O chefe do Conselho de Segurança Nacional do Irã também felicitou Abadi pela nomeação nesta terça.

Autoridades iranianas haviam dito recentemente que o país acredita Maliki já não é capaz de manter seu país em conjunto e que era necessário um líder alternativo para combater a insurgência sunita.

O rei da Arábia Saudita, Abdullah, a Liga Árabe e o Ministério das Relações Exteriores da Turquia também saudaram Abadi.

Na segunda, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já havia dito que a nomeação de Abadi era promissora.

"A única solução duradoura consiste na união dos iraquianos para formar um governo inclusivo, que represente os interesses legítimos de todos os iraquianos e possa unificar a luta contra o EI. Hoje, o Iraque deu um passo promissor nesse esforço crucial com a designação de Abadi", afirmou Obama.

Editoria de Arte/Folhapress

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