Folha de S. Paulo


Confrontos em Donetsk, no leste da Ucrânia, deixam ao menos 5 mortos

Explosões foram relatadas nesta segunda-feira (21) em Donetsk, no leste da Ucrânia, deixando pelo menos cinco mortos e 12 feridos, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Segundo meios de imprensa locais, um prédio de nove andares situado entre o aeroporto e a estação de trem da cidade foi atingindo por um projétil.

"As balas silvavam acima de nossas cabeças", relatava uma mulher que apareceu chorando na sede do governo da República Popular de Donetsk, não reconhecida pelo governo de Kiev.

Aparentemente, os combates explodiram quando vários tanques das forças governamentais tentaram entrar na cidade, o que foi impedido pelos milicianos pró-russos.

No entanto, um porta-voz do Conselho de Segurança da Ucrânia disse que o Exército não era responsável por quaisquer explosões na segunda-feira em Donetsk.

A cidade tinha 1 milhão de habitantes antes do início dos confrontos entre rebeldes separatistas pró-Rússia e pró-ucranianos, que causaram a fuga de muitos cidadãos locais.

"Há trabalho em limpar os acessos à cidade, em destruir postos de controle dos rebeldes. Se há explosões no meio da cidade, não são de soldados ucranianos", disse Andriy Lysenko.

"Temos ordens estritas para não usar ataques aéreos e de artilharia na cidade. Nós temos a informação de que há um grupo auto-organizado e pequeno que está lutando contra os terroristas", acrescentou.

DONETSK

A tensão era patente nas imediações do edifício, que é vigiado por várias dezenas de milicianos, enquanto na cidade mal se vê gente pelas ruas desde que os insurgentes impuseram o toque de recolher.

Pouco antes das 10h, hora local, se ouviram os primeiros disparos no bairro Oktiabrski, perto de um mercado de automóveis.

O prefeito de Donetsk, cuja autoridade não é reconhecida por Kiev, recomendou aos cidadãos residentes nas zonas afetadas pelos bombardeios que não deixem suas casas sob nenhuma condição.

A prefeitura indicou também que, segundo os vizinhos, as forças ucranianas entraram em Avdivka, cidade de 35.000 habitantes na periferia norte de Donetsk.

O aeroporto é a frente de batalha mais próxima a Donetsk, onde os combates reiniciaram após o fim do cessar-fogo do dia 28 de junho.

Segundo a agência Efe, no domingo (20) vários caminhões com milicianos e peças de artilharia deixaram a cidade, que está rodeada por postos de controle dos separatistas.

No início da tarde, as autoridades disseram que os trens estavam funcionando normalmente e a estação tinha sido apenas ligeiramente danificada.

CONFLITO

O leste da Ucrânia vive há mais de três meses um conflito armado entre os separatistas pró-russos e as autoridades de Kiev, que acusam Moscou de apoiar os insurgentes.

Donetsk, uma cidade industrial onde viviam um milhão de pessoas, está dominada pelos separatistas desde abril, e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu retomar a cidade como parte da "operação antiterrorista" de Kiev contra os separatistas.

Ele, no entanto, instruiu o exército não para lutar num raio de 40 quilômetros do local onde o avião da Malaysia Airlines caiu na quinta-feira (17), matando todas as 298 pessoas a bordo.

Kiev acusa os rebeldes de derrubar o avião, mas os separatistas negam que sejam culpados. Segundo investigação dos EUA, o avião foi derrubado por míssil lançado a partir de território rebelde.

CUSTOS

O ministro das Finanças ucraniano, Oleksander Shlapak, disse nesta segunda que a campanha antiterrorista Kiev custa mais de US$ 130 milhões por mês e que Kiev precisa de fundos adicionais.

"Precisamos buscar recursos adicionais para esta operação", disse em uma reunião de líderes dos partidos parlamentares.

Shlapak disse ainda que a economia da Ucrânia tinha contraído em 5% nos primeiros seis meses do ano e o PIB caiu 6,5% este ano. O governo havia previsto anteriormente uma queda de 3%.


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