Folha de S. Paulo


Banco do Vaticano mudará atividades, dizem fontes

O banco do Vaticano irá abandonar suas atividades de investimento e transformar-se em uma instituição dedicada principalmente aos serviços de pagamento para a Igreja Católica, segundo fontes do Vaticano disseram nesta segunda-feira (7).

Os detalhes da mudança serão anunciados na quarta-feira (9) pelo cardeal australiano George Pell, que dirige a Secretaria da Economia, criada este ano para supervisionar as finanças do Vaticano num contexto de escândalos econômicos na igreja.

As fontes disseram que o empresário francês Jean-Baptiste de Franssu deve ser nomeado como o novo chefe do banco, formalmente conhecido como o Instituto para as Obras de Religião (IOR). Ele substituirá o alemão Ernst von Freyberg, que implementou reformas na instituição.

Sob as mudanças esperadas, o IOR não terá mais funções de gerenciamento de ativos. Ele servirá apenas para a prestação de serviços de pagamento e aconselhamento financeiro para ordens religiosas, instituições de caridade e os funcionários do Vaticano.

Bens da Santa Sé devem ser geridos por um departamento recém-criado, acrescentaram as fontes. A revisão radical do banco será anunciado um dia após o IOR publicar seus números de desempenho de 2013 na terça-feira (8).

Freyberg foi nomeado para o banco em 2013, em uma das últimas decisões tomadas pelo papa Bento 16 antes de sua renúncia.

Sob a liderança de Freyberg, o IOR fechou centenas de contas, instituiu normas rígidas contra a lavagem de dinheiro e lançou várias investigações sobre atividades suspeitas.

Papa Francisco, que foi eleito em março de 2013, havia considerado fechar o banco, mas decidiu mantê-lo operacional, mas com um programa de reformas contínuas.

Francisco também nomeou um Conselho da Economia, um grupo de 15 membros que irá definir a política econômica para a Santa Sé e para a Secretaria da Economia. De Franssu foi nomeado para esse conselho.

O IOR esteve no centro de escândalos nos últimos anos.

O monsenhor Nunzio Scarano, que trabalhou como contador sênior em outro departamento do Vaticano por 22 anos, está agora em julgamento acusado de conspirar para contrabandear milhões de dólares para a Itália a partir da Suíça.

Scarano também foi indiciado sob a acusação de lavagem de milhões de euros através do IOR. Ele diz que o dinheiro em suas contas no IOR foram doações, que os magistrados italianos contestam. Ele foi preso em junho de 2013.


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