Folha de S. Paulo


Presidente do Egito não vai interferir para libertar jornalistas presos

O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, disse nesta terça-feira (24) que não vai interferir na decisão judicial que condenou três jornalistas da rede Al Jazeera a prisão.

"Nós temos que respeitar as decisões judiciais, mesmo que outros não entendam isso", disse ele em discurso na TV. "Nós não vamos interferir na decisões judiciais", afirmou.

Os Estados Unidos e a Austrália pediram que o líder egípcio perdoasse Peter Greste, Mohamed Fahmy e Baher Mohamed. Os dois primeiros foram condenados a sete anos e de prisão e, o último, a dez.

Eles foram acusados de apoiar o terrorismo, em referência a Irmandade Muçulmana, grupo rival de Mursi e que está proibido de atuar no país.

A Al Jazeera, que tem sede no Qatar, nega as acusações. Outros jornalistas da empresa, foram julgados à revelia –sem estar presentes– e também foram condenados.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, classificou o julgamento de "draconiano". A condenação foi criticada por outros países e por entidades de direitos humanos e de defesa da liberdade de impresa.

Os três jornalistas foram presos em dezembro durante sua cobertura dos eventos políticos no país, em convulsão desde o inicio das manifestações da chamada Primavera Árabe, que levaram à deposição do ex-ditador Hosni Mubarak em fevereiro de 2011.

A subsequente deposição do presidente islamita Mohammed Mursi, em julho de 2013, foi seguida por uma violenta repressão à Irmandade Muçulmana no país. A Al Jazeera, crítica ao governo instalado pelo golpe militar –liderado por Sis–, é perseguida desde então.

AUSTERIDADE

Em seu discurso, Sisi também defendeu medidas de austeridade no país e anunciou que vai cortar pela metade seu próprio salário. Ele prometeu ainda doar metade de sua fortuna ao Estado.

O líder disse que se recusou a aprovar o orçamento para o próximo ano porque ele previa um déficit muito grande. "Nós vamos revisar esse orçamento porque eu não posso aceitar algo que contém um déficit desse tamanho", afirmou.

"Eu quero pensar nas crianças que estão vindo e deixar para elas algo bom, mas desse jeito nós vamos não vamos deixar nada. Se o déficit continuar a acumular assim, nós não deixaremos nada de bom", completou.

O país enfrenta problemas econômicos desde o início da Primavera Árabe, em 2011. Os protestos prejudicaram a indústria do turismo, uma das principais do Egito, e dificultaram os investimentos.

O déficit foi de 14% no último ano fiscal (encerrado em junho de 2013). Sisi lembrou ainda que o Egito precisou de empréstimos de US$ 12 bilhões da Arábia Saudita, e de US$ 7 bilhões do Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos.


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