Folha de S. Paulo


Novo rei busca reaver prestígio na Espanha

A Espanha vive um dia histórico nesta quinta-feira (19). Após 39 anos de reinado, Juan Carlos, 76, sai de cena, e o filho Felipe, 46, assume o trono com a missão de recuperar o abalado prestígio da monarquia e dar fôlego, ao menos simbólico, à recuperação econômica do país.

Felipe 6º, até então Príncipe de Astúrias, será proclamado rei pelo Congresso às 10h30 (5h30 no horário de Brasília) e fará seu primeiro discurso como chefe de Estado. "Alguma ideia?", brincou nesta quarta (18) com jornalistas ao ser questionado sobre o que dirá.

A expectativa é que adote um tom pela unidade espanhola. Em novembro haverá um referendo, não reconhecido pelo governo, de independência da Catalunha.

Pelo menos até a véspera não havia um clima de festa e euforia pelas ruas de Madri. O desânimo aumentou com a precoce eliminação espanhola na Copa do Mundo, na quarta (18). Apenas bandeiras da Espanha, nitidamente hasteadas pelo governo, decoravam o trajeto de carro a ser percorrido pelo novo casal real nesta quinta.

A sensação de quem circula na cidade é a de que a troca da coroa é só a formalização de algo que todos sabiam que ocorreria em breve.

Mesmo assim, espera-se um público grande nas ruas porque a cerimônia coincide com o dia de Corpus Christi, sempre comemorado pelos espanhóis.

Diante da crise de popularidade, a família real prometeu uma celebração sóbria – apesar de anunciar a recepção a 2.000 convidados no Palácio Real.

Após a proclamação no Congresso, Felipe e sua mulher, a agora rainha Letizia, usarão um Rolls Royce, sob a escolta de cavalos e da guarda real, para o percurso do Congresso ao palácio. Depois, o casal, acompanhado de Juan Carlos e da rainha Sofia, fará uma saudação pública na varanda.

O novo rei foi blindado. A Justiça proibiu o uso de bandeiras e outros símbolos republicanos pelo trajeto que será feito pelo casal real. Cerca de 7.000 policiais estão escalados em Madri.

LEI

Na tarde desta quarta (18), Juan Carlos sancionou a lei que oficializou a sua abdicação do trono. Na prática, desde a 0h desta quinta (19h desta quarta, no Brasil), quando a lei seria publicada, encerraram-se os 39 anos do reinado. Ele e a mulher manterão os títulos de rei e rainha, bem como a imunidade.

No fim, Juan Carlos, acompanhado da rainha Sofia, deu um longo abraço no filho sucessor.

A decisão de abdicar do trono ocorreu em meio a recente turbulência na família real, com escândalo de corrupção envolvendo sua filha Cristina, e o marido dela Iñaki Urdangarin, suspeitos de crime fiscal e lavagem de dinheiro por meio de uma ONG.

Editoria de Arte/Folhapress

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