Folha de S. Paulo


Senador haitiano pede ajuda brasileira e retirada de tropas da ONU

O senador haitiano Jean Charles Moise, oposicionista ao atual presidente Michel Martelly, pediu que "o Brasil conduza a retirada das tropas da ONU" e invista na agricultura e educação do país caribenho.

"É melhor mandar tratores para o Haiti do que tanques de guerra", afirmou, em entrevista à Folha na Câmara Municipal de São Paulo. Ele visita o Brasil pela terceira vez e receberá título de cidadão paulistano às 19h.

Moise critica a manutenção dos representantes das Nações Unidas, responsáveis, segundo ele, por "abusos e repressões" no país. O senador afirma que os soldados não conseguiram amenizar a situação de instabilidade do país e têm usado forte repressão em manifestações antigoverno.

"Em 2004, as tropas foram enviadas com a promessa de estabilizar o país por seis meses. A situação melhorou? Não. Pelo contrário, piorou".

Moise afirma que uma resolução do Senado do Haiti, aprovada por unanimidade pela Comissão de Direitos Humanos da Casa, pede a retirada das tropas até o dia 28, mas não há sinal de que elas sairão.

Nesta quarta (21), em Brasília, o haitiano se reuniu com o ministro Celso Amorim (Defesa). Moise diz ter cobrado que os militares deixem o país. "O ministro me disse que tentará retirá-las o mais breve possível, mas não há uma data exata", afirmou.

REFUGIADOS

Questionado sobre o estado dos cerca de 400 refugiados do Haiti que vieram do Acre para São Paulo em abril, Moise afirmou que é "uma situação difícil e complexa" em relação à moradia e emprego. Ele afirma que não conhece a situação dos haitianos que continuam no Acre.

Próximo do PT, Moise participou do congresso do partido no final do ano passado. O título de cidadania foi proposto pela vereadora petista Juliana Cardoso.

"A situação dos refugiados é muito difícil, uns mais, outros menos, mas a prefeitura de São Paulo não pode resolver tudo. Tem que ser vista do ponto nacional", disse.

Segundo o haitiano, uma comissão do Senado virá a São Paulo para inspecionar a condição dos refugiados.


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