Folha de S. Paulo


Retidos em sede ocupada de órgão de segurança na Ucrânia são liberados

As 56 pessoas que estavam retidas na sede do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), na cidade de Lugansk, desde a sua ocupação por ativistas pró-Rússia no último domingo, foram liberadas nesta quarta-feira, informou a assessoria de imprensa do órgão.

Às 4h locais (22h de Brasília da terça-feira), como resultado das conversas com os ocupantes da sede, saíram do edifício um total de 56 pessoas, segundo comunicado divulgado no site do SBU.

O órgão denunciou ontem que os ativistas pró-russos mantinham cerca de 60 pessoas como reféns.

"Os ocupantes da sede permitiram a entrada de vários deputados", acrescentou a nota oficial, que não utilizou a palavra "reféns" para se referir às 56 pessoas que deixaram, "sem armas", o edifício.

Segundo as autoridades ucranianas, os ativistas pró-Rússia recolheram as armas do arsenal da sede do SBU e colocaram minas em seu interior.

O governo de Kiev redobrou as medidas de segurança nas regiões do leste do país, com população majoritariamente falante de russo.

O chefe do Gabinete da Presidência da Ucrânia, Sergei Pashinski, advertiu que o governo utilizará a força se os ocupantes dos edifícios públicos não os deixarem pacificamente.

"Se não encontramos uma forma de resolver a situação pacificamente, vamos agir de acordo com a lei antiterrorista e outras normas", declarou ontem Pashinski.

Por sua vez, a Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia aprovou ontem uma série de emendas que endurecem as penas por crimes contra o Estado e punem com até 15 anos de prisão ou prisão perpétua as ações separatistas que levem à morte de pessoas ou tenham consequências graves.

KERRY ANUNCIA REUNIÃO COM LAVROV

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou nesta terça-feira uma nova reunião com seu colega russo, Sergei Lavrov, na próxima semana na Europa, um encontro no qual a Ucrânia, assim como outros aliados de Washington, se sentarão à mesa.

O secretário de Estado confirmou a reunião em uma audiência no Comitê de Relações Exteriores do Senado, onde especificou que nessa reunião esperam discutir uma saída diplomática para a crise e uma reforma constitucional na Ucrânia.

Kerry, no entanto, não detalhou a data concreta nem o local onde as partes se encontrarão.

O secretário de Estado insistiu que a Rússia continua realizando ações "ilegais e ilegítimas em seu esforço de desestabilizar a soberania" da Ucrânia, mas reiterou que Moscou tem a oportunidade de seguir um caminho diplomático se a escalada de tensões diminuir.

"Não duvidaremos em utilizar as ferramentas do século XXI para fazer a Rússia responsável de sua conduta do século XIX", ressaltou o secretário de Estado, assegurou que tanto EUA como o resto da comunidade internacional estão preparados para responder novas agressões.

Kerry também assegurou que não há dúvida de que as forças especiais russas e seus agentes "foram o catalisador após o caos que a Ucrânia viveu nas últimas 24 horas".


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