Folha de S. Paulo


Passageiros com documentos falsos são iranianos, diz polícia da Malásia

A polícia da Malásia identificou nesta terça-feira dois iranianos como os passageiros que embarcaram com passaporte roubado no avião da Malaysia Airlines, que está desaparecido desde a última sexta-feira (horário de Brasília) com 239 pessoas a bordo.

O chefe da polícia malaia, Khalid Abu Bakar, descartou hoje em entrevista coletiva que um dos passageiros, de 19 anos, faça parte de alguma organização terrorista, e explicou que os dois se dirigiam para a Alemanha.

"Não é provável que seja membro de um grupo terrorista. Acreditamos que ele estava tentando emigrar para a Europa", afirmou o policial malaio, sem fornecer mais dados sobre o segundo iraniano. O secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, disse não considerar o desaparecimento de avião como 'ataque terrorista'.

Azhar Rahim/Efe
Policial da Malásia mostra fotos dos dois iranianos que viajaram com passaportes europeus roubados no avião desaparecido
Policial da Malásia mostra fotos dos dois iranianos que viajaram com passaportes europeus roubados

As autoridades explicaram que investigaram o jovem identificado com o nome de Eouria Nour Mohammad Mehrdiad e que entraram contato com sua mãe, que esperava por seu filho no aeroporto de Frankfurt e "não sabia" que ele estava viajando com um passaporte roubado.

"Temos fotografias e perfis de todos os passageiros. Estamos investigando nos vídeos o comportamento de todos os passageiros", garantiu Bakar.

As passagens dos dois passageiros com passaportes falsos foram compradas ao mesmo tempo, como indica seu número de série, e foram reservadas do Irã para duas agências de viagens da Tailândia, informaram hoje fontes oficiais tailandesas.

A compra dos dois bilhetes aconteceu no último dia 6 –menos de 48 horas antes do voo– em agências da cidade turística de Pattaya, a cerca de 100 quilômetros da capital tailandesa, Bangcoc, segundo o Departamento Nacional de Notícias da Tailândia.

"Ainda temos que determinar quem reservou e comprou os bilhetes para essas duas pessoas. Podem ter sido eles mesmos ou amigos seus na Tailândia", disse Ratchtapong Tiasut, superintendente do Departamento de Imigração da província de Chon Buri.

Editoria de Arte/Folhapress

AGÊNCIA DE TURISMO

Um funcionário de uma das agências disse ao jornal "Bangcoc Post" que sua companhia recebeu a reserva em um e-mail enviado do Irã por um cidadão iraniano com o nome de "Ali".

O funcionário garantiu que conhece pessoalmente o comprador, que ele teria vários negócios em Pattaya, e que essa mesma pessoa já reservou em outras oportunidades vários voos na mesma agência, tanto para ele como para outros amigos quando estava na cidade.

Segundo o funcionário, Ali perguntou em primeiro lugar por voos para Copenhague e Frankfurt pelas companhias Etihad Airways e Catar Airways, mas preferiu a oferta mais barata da China Southern Airlines, pela qual pagou 25.500 bats (cerca de US$ 788).

Os bilhetes foram reservados à China Southern Airlines –que compartilhava a operação com a companhia aérea malaia– com saída em Kuala Lumpur e destino a Amsterdã via Pequim.

Os dois passageiros embarcaram com passaportes falsos, os do italiano Luigi Maraldi e do austríaco Christian Kozel, que tiveram seus documentos roubados na Tailândia em 2013 e 2012, respectivamente.

O voo MH370 decolou de Kuala Lumpur à 0h41 local (13h41 da sexta-feira em Brasília) e tinha previsão de chegada em Pequim cerca de seis horas mais tarde, mas desapareceu do radar uma hora depois de sair da Malásia.

As equipes internacionais de busca e resgate ainda não encontraram evidências de que o avião caiu no mar.

Na aeronave viajavam 239 pessoas, 227 passageiros, entre eles cinco crianças, e uma tripulação de 12 malaios.


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