Folha de S. Paulo


Netanyahu deve preparar israelenses para acordo de paz, diz negociador palestino

Saeb Erekat, negociador-chefe palestino, afirmou nesta quarta-feira que será necessário o premiê israelense Binyamin Netanyahu "preparar" a opinião pública em Israel para um eventual acordo de paz.

"Quero que Netanyahu encare seu povo e o prepare para o que será necessário. Ele precisa dizer '1967'", disse Erekat, em menção às fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, dessa data.

A afirmação do negociador-chefe vem entre diversos avanços nas discussões entre Israel e a liderança palestina. É esperado que os EUA apresentem em breve os contornos para a continuidade das negociações de paz para além de abril deste ano, quando se encerra o prazo estabelecido anteriormente.

A proposta americana ainda não foi feita, apesar de já haver diversos relatos informais detalhando qual seriam os seus marcos. As negociações são conduzidas em sigilo, conforme acordado entre as partes quando elas retomaram o diálogo, em 2013.

A agência de notícias palestina Maan afirmava, hoje, que fontes políticas na Jordânia indicam que os contornos a serem propostos pelos Estados Unidos terão um termo desqualificando palestinos com nacionalidade estrangeira para o eventual retorno ao território palestino.

A volta à terra que a liderança palestina considera sua por direito é uma questão delicada e rejeitada por Israel, que não cogita receber os 5 milhões de refugiados palestinos que vivem hoje ao redor do mundo, de acordo com a estimativa da ONU.

ENCONTROS

O rei jordaniano Abdullah havia se reunido, dias antes, com o secretário de Estado americano John Kerry, visto como principal força por trás da atual fase de negociações entre Israel e palestinos.

O monarca deve se reunir com o presidente americano Barack Obama, nos próximos dias, para discutir a possibilidade de que tropas estrangeiras sejam posicionadas no vale do Jordão, como medida de segurança após um possível acordo.

Esse vale é um dos principais pontos em discussão, já que a fronteira entre Israel e Jordânia, na atual Cisjordânia, é considerada uma peça-chave na estabilidade regional. Mahmoud Abbas, presidente palestino, anteriormente propôs que a Otan (aliança militar ocidental) mantenha seus soldados ali.

O primeiro-ministro israelense Netanyahu deve também reunir-se com Obama, no início de março, para discutir as negociações de paz.


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